domingo, 14 de agosto de 2011

Someday you will be loved

Então existe um post sendo fermentado há semanas. Sobre o amor. Mas há um problema - há um risco de auto-plágio. Porque costumo ser repetitiva com algumas coisas e o amor é uma delas.
Me apaixono de maneiras estúpidas. Digo que nunca vou me envolver e me condiciono beahvioristicamente a um sentimento tão abusivo que dói. É aquela coisa que só quem assstiu Inception vai entender - de plantar uma idéia na cabeça. E, depois de um relacionamento difícil e outro frustrado, a idéia que eu plantei na minha cabeça é que eu precisava amar alguém inalcansável.
Tinha de ser assim - alguém que eu conhecesse com uma certa intimidade e, ao mesmo tempo, distância. Então eu projetei tudo o que queria sentir nessa pessoa. E quis fazer parte do mesmo mundo, conhecer as coisas que ela conhecia, gostar das coisas que ela gostava e, ao mesmo tempo, colocar em um pedestal iluminado acima do bem e do mal.
O problema surgiu quando a idéia começou a crescer e, o que devia ser uma fuga virou, de fato, um sentimento. E eu me apaixonei de verdade pela tal pessoa no pedestal. E ficou aquela coisa de querer colocar um semi-deus numa posição de mortal. Os olhos se fecham para os defeitos e tal.
Um dia, então, com o peito completamente exposto, um pequeno gesto faz a boca secar, as pernas tremerem, a voz ratear, os olhos brilharem e o coração disparar. Pode ser um simples sms de madrugada. Ou um sorriso na multidão. A idéia é plantada de novo. A paixão. O ato de, como o caçador da Branca de Neve, colocar o coração na caixinha e entregar para alguém. Com a diferença é que, no caso, esse coração é o seu próprio e, paradoxalmente, ele só funciona perfeitamente se é mantido com cuidados dentro da caixinha.
Só que o que a gente espera, quando entrega a caixinha a alguém, é que ele fique livre de perigos. Mas o outro trata a caixinha como bem entende. A partir do momento que a caixinha está em outras mãos, não importa mais o cuidado que você teria. Agora essa responsabilidade é de outra pessoa e não há nada que possa ser feito, a não ser confiar nesse outro ser.
Someday you will be loved, então, é uma música que descreve uma pessoa devolvendo a caixinha toda danificada e dizendo assim - algum dia, alguém vai merecer essa caixinha e cuidar tão bem dela, que você vai esquecer que ela foi danificada. É uma promessa de cuidado diferente.
E isso pode não fazer muito sentido. Porque se a pessoa se preocupa em devolver a caixinha e afirmar que, um dia, alguém vai cuidar dela, é atestar uma preocupação que pode confundir todos os sentimentos - mais uma vez.
A moral dessa história, se é que há alguma, é que entregar o coração na caixinha é o ato mais egoísta que alguém pode ter, esperando altruísmo alheio de cuidar bem daquilo. E sim, todo esse devaneio é direcionado. A mim, para que eu me lembre que só existe um amor - o próprio.