domingo, 24 de outubro de 2010

Dentre tantas outras coisas

Muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo: Glee em sua segunda temporada já teve epsódio cheio das vagabundices de Britney e teve epsódio que faz desidratar de tanto choro.
Ai tem a reta final das eleições. Tipo. Tava aí o primeiro turno ganho. E um monte de gente bacana resolveu mergulhar na tal onda verde e se encheu de plâncton. Ai vem o segundo turno, cheio de acusação de tudo que é lado e quem tem mais Deus no coração, esquecendo que o Estado é laico e se preocupando com ataques violentíssimos com bolinhas de papel.
Depois tem o trabalho que atrapalha imensamente a faculdade e a faculdade que não acaba nunca.
Mas nada de novo no front. Nenhum amor pra balançar as ondas. E a vida segue.

domingo, 17 de outubro de 2010

Sobre fazer a coisa errada

Se tem uma coisa que Marx falou com razão, é que o trabalho aliena. E ela pensa nisso todos os dias, quando se encaminha para um trabalho que ela não gosta, com pessoas que ela não gosta, com um desgaste físico-emocional que ela não precisaria passar se tivesse um pouco mais de amor próprio.
E o telefone toca. Ela não quer atender, porque sabe que não vai resistir. Não que ela vá cair naquela teia idiota de antes, e viver aquele relacionamento imbecil que nunca deu certo. Mas ela se sentia carente.
Sim, ela sabe que carência não é uma justificativa. É, na verdade, uma desculpa. "Desculpe, mas eu estava carente", ela fica repetindo pra si quando atende ao insistente telefonema e marca de encontrar aquela outra, a ex, cujo nome é mais temido que o de um tal vilão da história infanto-juvenil que a acompanhou.
E aquele semblante da ex não a assusta mais. Hoje ela olha pra ex e vê uma mulher que deveria considerar seriamente um antidade, mas que continua agindo como se fosse uma adolescente boba. A ex, claro, continua desempregada. Engordou um pouco, mas isso não a incomoda. Aliás, prefere que ela esteja mais cheinha, realça bem os contornos do corpo, que ela admite, lhe agrada.
E era nisso que ela pensava quando foi para a camacom a ex. No quanto aquele desenho lhe agradava. E, que era melhor ela se aninhar, para não dizer se entreter, naquele corpo que já não escondia dela mais nenhum segredo.
Foi com mais raiva de si mesma que com tesão que ela percorreu todos os caminhos que sabia que devia percorrer até tirar o ar da ex. Tal exito, claro, a fez querer acender um cigarro, enquanto pensava no quão patético era aquilo. Ela tinha chegado nesse ponto de topar um sexo totalmente sem graça, apenas por ter alguém ali, naquele momento. O cigarro? Não acendeu. Porque não tinha. E mesmo que tivesse, a ex não deixaria.
Fica, então, olhando para o teto, pensando numa boa desculpa para ir embora. Ela queria que fosse só sexo, e foi só sexo. Incrivelmente insignificante. A ex, então, percebe que ela está longe. "Nossa, você nunca me comeu assim antes", a ex resolve dizer com um sorriso. Babe, não era você que eu tava comendo. Ela pensa. Mas não precisa dizer, a ex sabe.
Ela levanta, se veste, se despede da ex pedindo desculpas. "Isso não vai mais acontecer", ela promete pra ex, e só depois se dá conta que essa frase dá margem pra duas interpretações possíveis - a dela, que garante a si que não vai mais procurar a ex sob a desculpa de estar carente; e a da ex, de que ela não vai mais embora assim, sem motivo, depois de treparem.
Ela sabia desde o princípio que esta era uma péssima idéia. Sabia também que sua imaginação já lhe dera muitos orgasmos mais que a ex. Mesmo quando ainda namoravam. E sabia que não era o nome da ex que ela chamava baixinho à noite, com a mão entre as pernas. Encostou a cabeça no vidro do ônibus e deixou as lágrimas rolarem. Era fraca e covarde.
Fez a escolha errada, no momento errado. Devia ter vendido aquela folga no meio da semana. Lembrou do trabalho que ela não gosta e de quantas horas tinha passado na empresa aqueles dias todos. Secou as lágrimas e desceu do ônibus. Mais um dia perdido. Mais uma escolha errada. E a vida segue.