quinta-feira, 23 de junho de 2011

Sobre Harry Potter - 5 de 7

Então depois de ter dado o sangue dele para fortalecer o retorno do Rei Voldemort, o menino Potter consegue escapar mais uma vez da morte para o pior ano de sua vida. A adolescência não é uma boa amiga para Harry. Ele fica revoltadinho com tudo e todos, e desconta em todos seus amigos.
Este livro começa com um ataque de dementadores na região da casa dos Dursley, com Duda quase tendo a alma sugada por um dementador e Harry conjurando um patrono que pode significar expulsão de Hogwarts para ele.
E ele fica bravinho porque nenhum de seus amigos tem escrito pra ele, até que o Olho-Tonto Moody e um grupo de aurores vai buscá-lo para ir ao Lago Grimmald número 12, a casa de Sirius e sede da Ordem da Fênix. Rola uma revolta juvenil dele com todos os membros da Ordem e seus amigos, por terem se afastado dele por ordens de Dumbledore, que temia ter suas corujas interceptadas.
Para pioras a situação, todo o mundo bruxo desacredita o retorno de Voldemort e creditam a morte de Cedrico a um infortuno acidente. Ocorre a audiência disciplinar, Harry é absolvido com a ajuda de Dumbledore, mas fica intrigado que o diretor nem sequer olhe diretamente para ele.
No correr do livro, Harry tem muitas crises juvenis e briga com todos. O Ministério da Magia coloca a sub-secretária sênior do Ministro, Dolores Umbridge para vigiar a escola e, depois, descobrimos que ela mandou os dementadores até o bairro dos Dursley para dar um jeito de expulsar Harry de Hogwarts, como se isso fosse dar uma credibilidade à história do ministério que negava o retorno do Voldemort.
Umbridge é a pedra no sapato de toda a escola. Ela cria uma brigada inquisitorial, expulsa a professora Trelawney, tira Dumbledore do cargo de diretor e transforma Hogwarts num inferno.
Harry fica tendo "sonhos" com os pensamentos de Voldemort e Dumbledore quer que ele aprenda oclumência com o prof Snape. Harry, claro, não consegue aprender oclumência e começa a "gostar" de fazer parte da mente de Voldemort. Ele vê um ataque ao Sr Weasley na noite de Natal e acha que foi ele quem cometeu porque está no cérebro da cobra. Como esse ataque é verdadeiro, tudo o que ele começa a ver, encara como verdade.
Existe a batalha no Ministério da Magia por causa da profecia (que é o motivo pelo qual Voldemort se aproveita dessa ligação cerebral com Harry, para que o menino pegue a profecia) e, claro, Dumbledore ganha, porque ele é o cara e, como diz Homer Simpson, ninguém deveria sobreviver ao seu mago da ficção.
Nesse livro descobrimos que a série poderia chamar Neville Longbottom ao invés de Harry Potter, mas os deuses do marketing acham que Potter é um nome mais rentável. Não é meu preferido porque o Sirius morre e o Harry fica INSUPORTÁVEL boa parte da história.
Continua

domingo, 19 de junho de 2011

Por que não te calas?



É tanta coisa a ser dita que fica difícil começar. Quebraram o mundo. Esta é a era da intolerância e da militância. Na verdade é a era da junção de militância e intolerância. Não Coca-Cola, os bons não são a maioria. Os imbecis que são. Porque não existe outra explicação para que, em pleno século XXI (ainda sou adepta dos séculos em números romanos, me julgue), as pessoas sejam tão extremistas. Sério, extremismo é tão idade média que, né? Nem merece muita pauta.
Mas tudo começa assim - sábado à noite, acabou jantar, acabou novela e sem nenhum plano (ou fundo monetário para tal), o computador começa a chamar para as bobagens da internerds. Então, no meio daquela navegação ociosa você se depara com isso. A única coisa que passa pela cabeça é haters gonna hate.
Algumas discussões não acabarão nunca porque as pessoas não conhecem meio-termo. Intolerância é tão boring que não devia nem ser explicada. Porque é muito simples - seu direito acaba onde começa o do outro. Sim, o outro - aquele desconhecido na multidão - tem tanto direito quanto você, ainda que você não entenda ou não reconheça isso.
O texto do link acima é tão asqueiroso quanto o seu originador. Sejamos sinceros - ser homossexual não é ser contra os heterossexuais. Por que as pessoas não aprendem isso? Porque esse discursinho gay de que todo hetero é insira ofensa aqui é tão preconceituoso quanto dizer que todo gay é promíscuo ou aidético ou qualquer outra ofensa comum aqui. E as pessoas confundem militar anti-homofobia com heterofobia (sim, concordo com o termo). Porque qualquer coisa agora é homofobia.
Tudo agora é motivo para protesto - virtual ou presencial. Moradora de Higienópolis faz comentário infeliz - "ah, vamos fazer um churrasco no meio da Angélica pra protestar". Policial fala uma asneira pra uma mulher - "vamos juntar um monte de mulher e fazer a marcha das vagabundas". Pastor evangélico imbecil convoca seus "fiéis" a flodar emails de senadores para impedir a aprovação de um projeto de lei - "abro mão da lei da homofobia se ele abrir mão da lei de liberdade de culto". Apresentador de tevê fala babaquice sobre amamentação - mamaço. Blogueira retruca - processo.
B-O-M S-E-N-S-O. Como dizia sua mãe quando você era pequeno "não dói e conserva os dentes". Não é com um discurso igualmente preconceituoso que se muda uma opinião (ou uma atitude) preconceituosa. Não é protestando por qualquer bobagem que se muda o mundo. Não é falta de idealismo achar que essas "marchas por qualquer coisa" só tumultuam e atrapalham o trânsito. É bom senso. Quanto mais protestos sobre qualquer coisa existirem, menos respeitados eles serão. Óbvio que muitos vão aos protestos pela farra e não pela idéia, mas todos te olham torto se você assume isso.
É bem aquela coisa que sua mãe, sua vó e sua tia costumam te dizer - se você não tem o que falar, fique quietinho. É melhor permanecer quieto e deixar o benefício da dúvida aos que te acham idiota que lhes dar certeza que você é realmente idiota.


Eu sou mulher, homossexual, canhota, obesa e espírita. Nunca usei nenhuma dessas características como muleta. Acho uma grande bobagem essa intolerância total com qualquer coisa, bem como acho o tal do politicamente correto uma chatice. Bem como quem se esconde por trás de um discurso politicamente incorreto pra ser preconceituoso. No alto dos meus 22 anos sei que não vou salvar o mundo. E nem vou tentar porque, uma intolerância por vez, as pessoas estão se destruindo sozinhas.

terça-feira, 14 de junho de 2011

4 FUCKING anos

Eu costumava escrever posts assim no meu antigo blog "então você nasce, pratica bullying contra os menos favorecidos na escola, vira um adolescente babaca (o que é pleunasmo uma vez que todo adolescente é babaca), cresce, começa a trabalhar e entra na faculdade. Aí você entende como a sua vida era fácil até ali". Não que eu tenha rompido com meu estilo de começar um post, nada disso. Mas todo mundo sabe que faculdade só é difícil em dois momentos - no começo e no fim.
E no primeiro momento - o começo, a faculdade é difícil para nós, crianças classe média, criados a leite com pêra e ovomaltino única e simplesmente porque é um rítmo diferente do que estamos acostumados. Não existe aquela coisa de escrever qualquer bobagem na prova serve. Ainda.
No começo da faculdade todo mundo é aluno modelo. Lê toda a bibliografia de todas as matérias, participa de todas as discussões e sofre se chegar 15 minutos atrasado na aula porque o metrô parou ou o ônibus quebrou. Calouro sofre quando tira menos da metade do valor da prova. E vira noites para terminar um trabalho que vale só meio ponto na média, porque qualquer meio ponto é valioso.
Em algum momento, basicamente depois das primeiras férias, isso acaba. A partir do momento em que a faculdade deixa de ser novidade, a coisa toda desanda. Existem, claro, as exceções, mas a grande maioria dos universitários entra no modo automático. E esse modo funciona assim - saber a quantidade de faltas por matéria para não reprovar por ausência, mas não perder tempo indo pra aula inútil; a frequência no bar é maior que na faculdade e uma hora de atraso torna-se o horário normal. O status de "veterano", faz com que trabalhos bobos que valem meio ponto sejam ignorados e há a seleção natural das matérias que devem ser levadas com mais empenho.
E isso segue pelo grosso do curso. de 5 a 7 semestres, dependendo da duração. Porque uma hora chega o último ano. E tudo parece ser como os demais semestres - atraso, bar, faltas. Exceto que entra o monstro do trabalho de conclusão de curso - o TCC. Seja ele individual ou em grupo, o TCC é o fodedor do final da faculdade. O TCC deveria ser estudado (risos), tamanho seu poder de bruxaria.
O grande lance do TCC é sua marotice. Planejamento e cronograma - você faz. E acha que vai dar tempo. E, de repente, faltando horas para o trabalho ser entregue, você encontra um defeito que pode foder tudo. Além do planejamento, o cronograma e o orçamento iniciais irem pelo ralo e você ter de correr contra o tempo, ficar noites em claro e, ainda assim, ter certeza que poderia ter feito melhor se tivesse tido mais tempo.
Olha. Eu ainda não tenho filhos. Mas acho que só um filho pode trazer mais emoção do que a entrega e a banca de um TCC. Porque a hora que o trabalho é aprovado com elogios e méritos, não tem palavra no mundo que descreva. Apesar de alívio, felicidade e euforia chegarem perto.
Fica assim, então. Quando eu entrei na faculdade, no alto dos meus 18 anos, eu tinha um iPod, uma relação afetiva complicada, nome limpo, um emprego bem medíocre e eu me divertia todos os dias da desgraça e da inferioridade alheias. Hoje, formada, aos 22 anos, eu tenho um smartphone, uma ex-namorada que todos os meus amigos odeiam, nome sujo e estou desempregada.
É clichê dizer que em 4 anos muita coisa mudou, mas é verdade. Eu mudei, principalmente. Apesar de muita coisa faltar ainda. Sinto que minha vida só será completa quando eu tiver o nome limpo novamente, um carro e um edredom (porque é muito frio pra quem dorme sozinho). Mas recomendo a experiência da faculdade. Não pelo diploma ou pela perspectiva de trabalhos melhores. Mas pelo crescimento. Vale cada risada, cada lágrima e cada meio ponto que ficou pra trás. E que venha a pós.