domingo, 19 de junho de 2011

Por que não te calas?



É tanta coisa a ser dita que fica difícil começar. Quebraram o mundo. Esta é a era da intolerância e da militância. Na verdade é a era da junção de militância e intolerância. Não Coca-Cola, os bons não são a maioria. Os imbecis que são. Porque não existe outra explicação para que, em pleno século XXI (ainda sou adepta dos séculos em números romanos, me julgue), as pessoas sejam tão extremistas. Sério, extremismo é tão idade média que, né? Nem merece muita pauta.
Mas tudo começa assim - sábado à noite, acabou jantar, acabou novela e sem nenhum plano (ou fundo monetário para tal), o computador começa a chamar para as bobagens da internerds. Então, no meio daquela navegação ociosa você se depara com isso. A única coisa que passa pela cabeça é haters gonna hate.
Algumas discussões não acabarão nunca porque as pessoas não conhecem meio-termo. Intolerância é tão boring que não devia nem ser explicada. Porque é muito simples - seu direito acaba onde começa o do outro. Sim, o outro - aquele desconhecido na multidão - tem tanto direito quanto você, ainda que você não entenda ou não reconheça isso.
O texto do link acima é tão asqueiroso quanto o seu originador. Sejamos sinceros - ser homossexual não é ser contra os heterossexuais. Por que as pessoas não aprendem isso? Porque esse discursinho gay de que todo hetero é insira ofensa aqui é tão preconceituoso quanto dizer que todo gay é promíscuo ou aidético ou qualquer outra ofensa comum aqui. E as pessoas confundem militar anti-homofobia com heterofobia (sim, concordo com o termo). Porque qualquer coisa agora é homofobia.
Tudo agora é motivo para protesto - virtual ou presencial. Moradora de Higienópolis faz comentário infeliz - "ah, vamos fazer um churrasco no meio da Angélica pra protestar". Policial fala uma asneira pra uma mulher - "vamos juntar um monte de mulher e fazer a marcha das vagabundas". Pastor evangélico imbecil convoca seus "fiéis" a flodar emails de senadores para impedir a aprovação de um projeto de lei - "abro mão da lei da homofobia se ele abrir mão da lei de liberdade de culto". Apresentador de tevê fala babaquice sobre amamentação - mamaço. Blogueira retruca - processo.
B-O-M S-E-N-S-O. Como dizia sua mãe quando você era pequeno "não dói e conserva os dentes". Não é com um discurso igualmente preconceituoso que se muda uma opinião (ou uma atitude) preconceituosa. Não é protestando por qualquer bobagem que se muda o mundo. Não é falta de idealismo achar que essas "marchas por qualquer coisa" só tumultuam e atrapalham o trânsito. É bom senso. Quanto mais protestos sobre qualquer coisa existirem, menos respeitados eles serão. Óbvio que muitos vão aos protestos pela farra e não pela idéia, mas todos te olham torto se você assume isso.
É bem aquela coisa que sua mãe, sua vó e sua tia costumam te dizer - se você não tem o que falar, fique quietinho. É melhor permanecer quieto e deixar o benefício da dúvida aos que te acham idiota que lhes dar certeza que você é realmente idiota.


Eu sou mulher, homossexual, canhota, obesa e espírita. Nunca usei nenhuma dessas características como muleta. Acho uma grande bobagem essa intolerância total com qualquer coisa, bem como acho o tal do politicamente correto uma chatice. Bem como quem se esconde por trás de um discurso politicamente incorreto pra ser preconceituoso. No alto dos meus 22 anos sei que não vou salvar o mundo. E nem vou tentar porque, uma intolerância por vez, as pessoas estão se destruindo sozinhas.

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