domingo, 27 de novembro de 2011

'Meu Deus, mas que cidade linda!'


Não tinha medo tal Laís de Santo Cristo, era o que mamãe dizia sempre que rolava uma briga. E essa história começa com um coração angustiado, uma necessidade de mudança e uma oportunidade. Um dia o telefone tocou e, do outro lado, um convite foi feito. E esse convite foi aceito sem ponderação. Quinze dias se passaram do convite lançado. E, alguém com o emocional abalado deixou isso refletir no físico. Nunca quinze dias passaram tão rápido. Nunca uma gripe durou tanto. Nunca uma expectativa se alastrou tanto quanto uma doença.
Laís de Santo Cristo deixou São Paulo numa manhã extremamente chuvosa de um sábado. Levemente embreagada ainda da noite anterior, Laís deixou correr uma lagriminha pelo rosto enquanto viu sua amada cidade virar só um aglomerado distante lá embaixo, no chão. Seu coração estava, entretanto, tranquilo. Algo lhe dizia que aquela mudança viria para o bem.
'O planalto central é lindo', concluiu quando o avião pousava numa Brasília ensolarada. Haveria tempo para turismo durante a semana. Haveria tempo para conhecer cada detalhe dessa cidade, já que o plano era permanecer aqui por tempo indeterminado.
A expectativa ainda durou pelos primeiros quinze dias. Depois virou desespero. Afinal, não estar mais na proteção do lar dos pais e estar de favor em outro lugar - longe de todos os amados, é infinitamente angustiante. Houve também a peça pregada pela vida que resolveu apresentar pessoas incríveis - em São Paulo. As coisas começaram a pesar. Mas havia uma meta estabelecida.
Mais alguns dias passaram e a meta estabelecida foi cumprida. Outra meta, então, foi estabelecida. Essa sim, mais difícil de cumprir, entretanto bem planejada. As circunstâncias, porém, não deixaram que essa meta fosse cumprida. Aí a história de Laís de Santo Cristo no cerrado acaba aqui.
João e Laís tem muitas coisas em comum - dentre elas o fato que vieram parar no Planalto Central porque assim quis a história, não porque planejaram por isso. João morreu em Brasília (apesar de ter sido encontrado como cobrador de ônibus em Sobradinho). Laís volta para São Paulo.