segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Sobre a segunda temporada de Glee...

Ryan Murphy é gênio. Ok, o primeiro epsódio da segunda temporada foi bem fraco. Um revival do primeiro epsódio da primeira temporada. Teve, claro, suas cenas muito engraçadas, tipo a cena que a Rachel e a Sunshine cantaram "Telephone" (que é o ringtone de alguém aqui) e a tal da coach Bieste, blablbla. Uma errada na mão, como ele sempre dá num ou outro epsódio.
Ai veio o segundo epsódio da temporada. Brittany/Britney. E a gente sabe o que acontece. It's Britney, bitch! E com a Britney a gente não mexe, principalmente quando o epsódio gira em torno das bitchtunes. O argumento do epsódio foi fraco, tipo anestesia geral alucinógena que causava delírios de Britney. E teve a cena da própria Britney vestida de cheerio que foi sooo wrong, porque a Britney tá velha demais pra por uma roupa de cheerio.
O terceiro epsódio foi feito só pra fazer a galera chorar até desidratar. Ryan Murphy conseguiu fazer "I wanna hold your hand" uma música triste. Ele quase matou o Burt Hummel e isso não se faz. O epsódio teve sua graça, claro, com o Finn rezando para o grilled Cheesus.
O quarto epsódio foi focado só na disputa e vamos cantar musiquinhas e o Artie transando com a Brittany. "Don't go braking my heart" no repeat porque é brega e fofa demais, né meu povo?
Ai chegou o quinto epsódio, que foi o último exbido até então. The Rocky Horror Glee Show. E pra quem não viu o filme original (The Rocky Horror Picture Show), veja antes de ver o epsódio. Pra não ficar perdido mesmo. Mesmo tendo visto o filme depois, considerei o epsódio genial. Depois de ver o filme, não tem como negar, Ryan Murphy está dando tapas na cara da sociedade desde Popular.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Enfim, Dilma.


Então finalmente acabou a eleição mais marcante que o Brasil teve desde a eleição de 1989 - esta é a primeira eleição em que o Lula concorreu através de uma mulher. É um momento histórico, não se pode negar.
Essas eleições foram particularmente exaustivas por conta da internet. O fanatismo dos eleitores foi até surpreendente, uma vez que o brasileiro médio se mostra apático e desinteressado por política. E é disso que quero falar - apatia, desinteresse e desinformação.
Durante todo o ano que se passou, quando começaram a especular que Dilma seria a candidata pelo PT, recebi aqueles milhares de emails que acusavam a nossa presidenta de ser ladra, assassina e terrorista durante toda a época da Ditadura Militar. Ignorei, como sempre faço com correntes, mas depois de um tempo, comecei a me cansar e responder aos emails.
Confesso que no começo do ano, quando o PSDB cogitava o Aécio para a presidência, via que Dilma não teria chances. Porque o Aécio tem aquilo que o Serra nunca teve nem nunca vai ter - o tal do carisma. Que eu prefiro chamar de jogo de cintura. Minha antipatia pelo Serra sempre foi clara. Sempre detestei a arrogância e a megalomania desse cidadão, que nosso amigo Wagner chama de "Mania de autoreferência".
A minha implicância com o PSDB é muito anterior, entretanto, ao meu entendimento do processo político. Lembro que eu tinha 8 anos completos quando o finado Mário Covas sancionou a aprovação automática em São Paulo. Eu estava no segundo ano do ensino fundamental e fiquei preocupada. Tinha medo de não aprender mais, já que todo mundo passava de ano. Minha mãe ainda diz que é anterior a isso. Diz que lá em 1989 eu, com 1 aninho, cantava o tal do "Lula lá".
Mas voltando a 2010 e a essa campanha. Vimos o poder do Marketing criar um carisma que, concordo, Dilma Rousseff nunca possuiu. E isso é errado? Não, gente. Isso é trabalho de uma excelente equipe de comunicação. Porque lá atrás, na década de 1970 quando essa mulher foi presa e torturada, tenho certeza, ela nunca pensou que um dia seria a primeira presidenta do Brasil. Ela pensava sim, em lutar pela democracia de seu país.
E o Serra, não pensava nisso na época da ditadura? Claro que pensava! O cara era presidente da UNE, que é o órgão mais esquerdista que não é partido político do Brasil. Só que Serra e Dilma tiveram trajetórias diferentes, não só na ditadura, que ele, quando a coisa ficou feia, foi se exilar no Chile, enquanto ela foi presa e torturada.
Mais uma vez, não vivemos mais na ditadura há mais de 25 anos. Vivemos numa era pós-moderna (zzzzz) em que a tecnologia influencia o processo político e não podemos negar. Vimos aí defesas "apaixonadíssimas" de ambos os lados, que nada mais eram que argumentos baratos e sem propósito. Juro que vi gente dizer que ia votar no Serra porque ele tem cara de dó (e isso foi dito por uma das minhas melhores amigas) e vi gente dizendo que ia votar na Dilma porque gosta mais de vermelho. Assim como vi um eleitorado da Marina crescer através da campanha verde-sustentável-politicamente-correta que, na verdade, era só uma abstenção mascarada.
Nessa eleição, vi o analfabetismo sócio-político de perto. Vi o que é não entender e não saber argumentar política. Vi o que é tomar uma opinião fraca e torná-la verdade absoluta do universo, quase como lei divina.
Vi campanhas sujas, de ataques baixos não só aos ideais políticos mas à biografia de todos os candidatos. Vi as pessoas esquecerem que o Estado é laico e apelarem para a religião (muito embora eu creia que as pessoas não saibam o significado de "laico". Talvez devesse dizer que as pessoas se esqueceram que o Estado não tem uma religião definida). Vi muito preconceito, não só na questão que me toca particularmente - a dos homossexuais - mas também na questão que me toca indiretamente - como mulher - a do aborto. E vi isso dentro da minha própria casa.
Sou de uma família de classe média, com pensamento médio e vida média. Classe média funciona assim - "há unanimidade? Sou contra". Classe média é aquela que ostenta mais do que o que realmente é ou tem e vive de aparências. E é essa classe média o cabresto eleitoral do PSDB em São Paulo.
Enfim, votei na Dilma por motivos claros. Porque sou prounista, porque me lembro que FHC deixou um governo com salário mínimo de 180 reais e um dólar de R$3,50. Votei na Dilma porque o Brasil hoje é potência em crescimento, não mais um país subdesenvolvido, com índices alarmantes de miséria, por conta de direitos básicos que nós aqui, no conforto dos nossos lares médios, somos incapazes de conceber. Votei na Dilma porque acredito sim na continuidade do governo Lula.
Àqueles cujo contra-argumento ao meu é dizer que votar na Dilma era aplaudir a corrupção, eu apenas rezo por suas almas ingênuas. A corrupção é inerente ao ser humano. Sempre houve corrupção no governo FHC (ou ninguém lembra das CPI's que acabavam em pizza e ninguém entendia?) e nos governos anteriores, desde, sei lá, o Império Romano. Votar na Dilma tenha sido, talvez, uma burlada na corrupção, uma vez que ela tem maioria em base governamental (câmara, senado e estados), o que pode facilitar o governo dela.
Dilma Rousseff não é uma marionete do Lula, como muitos afirmam. Bem como Lula nunca foi uma marionete de Dilma Rousseff e Zé Dirceu, como esses mesmos costumavam afirmar. Ela é a mulher a quem ele confiou sua chefia de governo durante 5 anos. É a mulher que tem um peso imenso, do tamanho do Brasil, sobre os ombros. O peso de ser a primeira mulher eleita num país hipócrita e machista. Só não digo que aos de pouco argumento vale o ditado, porque muitos vão me chamar de retógrada e dizer que eu estou retrocedendo aos tempos do Brasil - ame-o ou deixe-o. Mas a porta da rua é a serventia da casa.

Foto: G1