domingo, 1 de abril de 2012

4chan vs 9gag : a batalha final

Seja você um tr00 granudo dos primórdios da internerds ou hypster sem alma, uma coisa é certa - você já viu seus iguais requerendo a ~paternidade~ dos memes de ragefaces. Ainda que haja um desprezo mútuo entre 9gaggers e 4channers, uma coisa é certa - as ragefaces não surgiram com o humor no face e você sabe disso.

E a batalha é árdua. Enquanto os old gaggers gritam 'REPOOOOOST' quando um novo gagger se aventura a publicar uma imagem que já circulou pelo seu rival ou que já alegrou as trending e hot pages anteriormente, os fiéis do 4chan matém a linha ~like sirs~ e ignoram esses ataques de fúria. Afinal, no 4chan, 9gaggers são só hypsters que acham que conhecem a internet.

Em dezembro de 2011, entretanto, os fiéis do 4chan executaram um ataque conhecido como 'Operação 9gag', que contou com a ajuda do reddit, do tumblr e do funnyjunk. Esse ataque tinha por objetivo 'castigar' os gaggers que estavam se unindo e dizendo que o 4chan copia o conteúdo do 9gag. O principal objetivo era postar pornografia e material ofensivo no 9gag, até que o site saísse do ar. O plano foi executado - com sucesso - no dia 21 de dezembro de 2011.

Os usuários do 9gag revidaram ao ataque do 4chan, mas não tiveram tanto sucesso. O site ficou fora do ar por apenas alguns minutos, diferente do ataque sofrido, que deixou o 9gag fora do ar por horas. Essa batalha, entretanto, não provou a razão de nenhum dos lados, apenas incitou mais usuários a comprarem lado na guerra dos memes de ragefaces.

Mas a verdade finalmente vem à tona. Apesar do 4chan ser berço de algumas ragefaces - como o trollface, o fuuuuuu, o fuck yeah ou o lol - muitas das mais usadas e melhores ragefaces surgiram, na verdade, do Reddit - como o me gusta, o truestory, o bitch please (ou o rosto do Yao Ming) ou o pokerface.

Apesar de tentar fervorosamente, o 9gag ainda não produziu uma rageface que tenha saído de lá e dominado a internet, como o 4chan e o Reddit fazem. Mas eles continuam tentando.

Fonte: Know Your Meme

domingo, 11 de março de 2012

Ser mulher (ou porque eu não parabenizo o dia da mulher)

Quinta-feira foi o dia internacional da mulher e eu resolvi abrir minha imensa boca e, como sempre, fui mal entendida. Afinal, venho vencendo o concurso de Miss Understood a vida inteira. Eu disse, via facebook, que não vejo nenhum significado especial no dia 8 de março e, por isso, não parabenizo ninguém. Aí me questionaram se eu não dou importância para as operárias que morreram no incêndio da fábrica, pelas quais o dia 8 de março virou o dia internacional da mulher. E eu sou obrigada a citar Kierkeegard, numa frase inicial da 'Experiência vivida', a segunda parte de 'O segundo sexo':
Que desgraça ser mulher! Entretanto, a pior desgraça quando se é mulher é, no fundo, não compreender que sê-lo é uma desgraça...
Simples, assim. Ou, como Simone já diz na primeira frase do livro 'ninguém nasce mulher. Torna-se mulher'. E esse é o meu ponto sobre parabenizar ou não as mulheres no dia 8 de março. Acho que as pessoas o fazem pelo motivo errado "parabéns, você nasceu com útero" ao invés de "parabéns por ser mulher".
Muitas vezes me acusaram de ser feminista. E friso a questão de ter sido acusada, porque acusação é sempre alguém apontando o dedo no que julga errado. E julgam mal o feminismo - aka o direito de escolher tornar-se mulher, transformando-o no antagonista do machismo. O feminismo ficou estigmatizado como ódio aos homens e a gente que é da área de comunicação sabe como é difícil reabilitar uma imagem. Mas, digressão a parte, me tomam por feminista também pelo motivo errado - o fato de eu ser lésbica. Uma dica - nem toda lésbica é feminista. E mulher machista existe em qualquer orientação sexual.
A questão do tornar-se mulher é mais embaixo. Orientação sexual, qualificações profissionais, credos e comportamentos individualmente não te tornam mulher. Mas o fazem, porém, em conjunto. Que me perdoe o sambista, mas Amélia nunca foi mulher. Afinal, Amélia era despida de vaidades, mas era escrava da vida doméstica e das vontades de seu homem. E mulher de verdade é livre.
Ok, delirei. Só que não. É diferente ser bonita e ser escrava da beleza, por exemplo. Em miúdos mais miúdos, é diferente gostar de maquiagem e usá-la em ocasiões especiais e não dar bom dia nem para o cachorro se não estiver bem maquiada. E não é só a beleza que escraviza a mulher. As responsabilidades domésticas, o mercado de trabalho, a falta de consciência do próprio corpo, tudo isso escraviza a mulher de alguma forma.
Não estou dizendo aqui que toda mulher deve andar mal arrumada, parar de trabalhar, deixar a casa um nojo e foder com o próprio corpo para ser livre. Estou dizendo que falta a consciência. A consciência de que não precisa fazer faxina todo dia. A consciência de que não precisa aceitar qualquer humilhação no ambiente de trabalho por ser mulher. A consciência de que pode sim dizer não para o ficante, namorado, marido quando não quer fazer sexo. A consciência de que você não deixa de ser um individuo e nem deve se anular ou se privar de viver porque teve um filho. A consciência de que aborto deve ser tratado como saúde pública e se pode ter o direito de escolher o momento de ter um filho ao invés de ser obrigada a tê-lo mesmo indesejado ou sofrer as consequências - muitas vezes fatais - de um aborto clandestino.
Enquanto as mulheres não tiverem consciência da amplitude - ou da desgraça - que é ser mulher, para mim, o dia 8 de março é só mais uma data no calendário.

PS: By the way, os links são do pdf dos livros. E vale muito a pena ler.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Bonde do Grande Irmão sem freio

Já falei e vou falar mais uma vez: não aguento a chatice de gente que se acha culta demais pra ver o BBB então prefere ficar falando mal, mas quer saber de tudo o que está acontecendo. É inata no ser humano essa vontade de cuidar da vida alheia e o BBB é uma forma de fazer isso em rede nacional. A gente assiste pra apontar o dedo e falar se fulano presta ou não presta, se sicrana é periguete ou não.
O que é uma encheção de saco sem fim é esse moralismo de 'óh, você assiste BBB, eu leio livros, sou melhor que você'. Adianta nada você falar que lê livros se tudo o que você lê é 'O Segredo' e 'Como fazer amigos e influenciar pessoas'.
Ano passado eu falei do BBB e citei 1984, que a galera insiste em falar que leu mas a gente sabe que não é verdade. Porque se todo mundo tivesse lido 1984 e entendido 1984, não chamaria a galero no BBB de brother, mas não é isso que eu quero dizer.
A inclusão digital featuring o bom-mocismo e a adorável mania humana de querer deter toda a razão do universo tornam insuportável a convivência com as pessoas na internet. Porque virou uma mania de um cagar regra na vida dos outros. Ninguém pode simplesmente discordar de outrem. Discordar, hoje em dia é o maior pecado capital.
Vou falar aqui de uma dádiva divina chamada livre arbítrio. Funciona assim: você tem direito de fazer o que bem entender e ninguém pode te impedir. E, a partir do momento que você fica cagando regra na vida de alguém, você está impedindo aquela pessoa de exercitar seu livre arbítrio.
Então fica assim. O BBB12 começou. Eu estou sendo paga para assistir e comentar. E o estaria fazendo do mesmo jeito se não estivesse sendo paga. Por que? Porque eu adoro assistir nego se degradar em rede nacional. Eu adoro julgar a vida alheia. Adoro observar gente se comportando de maneira ridícula por causa de dinheiro/carro/10 minutos de fama. Se você não gosta/não quer ver, facebook tem mute, twitter tem unfollow e ninguém perde a amizade por isso não.
Se você é culto demais pro BBB, vou te recomendar alguns livros:
1984 - Se você não quer ver o BBB, vá ler a sociedade Eurasiana que elimina aqueles que se revoltam contra o Grande Irmão e burlam o alcance das teletelas.
Água viva - o que vocês acham de citar Clarice Lispector tendo pelo menos tentado ler alguma coisa que ela escreveu?
Limite branco - substitua Clarice por Caio F no comentário anterior e a dica é a mesma.
On the road - porque um Kerouac nunca pode faltar.
O apanhador no campo de centeio - todos mimizento se identifica com a chatice de Holden Caufield, até eu.
Hollywood - Velho Buk, assim como Kerouac não faltam nunca.
Tête-à-tête - quer coisa mais linda que filosofia e biografia numa coisa só?
Como ser legal - tem título de autoajuda, mas é um Hornby, né?
Acho que essa lista dá até março pra quem é cultão assim que não vê BBB e lê Roberto Shinyashiki, né?