YouTube do Metheoro
Há 5 anos
[Uma história no meio da história. Um dia uma mocinha, no começo de seus 19 anos resolveu engatar uma relação com uma outra moça que, na época, tinha 27 anos. Esse romance foi todo lindo e colorido por aproximadamente seis ou sete meses.]Mas a convivência se encarrega de ir tirando pouco a pouco as maravilhosas cores que essa vida incrível com esse alguém incrível costuma(va) ter. De dias coloridos a dias pastéis, até o fim do túnel em dias totalmente cinzas. Não dá mais.
[Um dia a moça mais velha, já com seus 28 anos, disse para a mocinha mais nova que nunca tinha gostado dela. A mocinha então se rendeu à trilha sonora de Magnólia, a uma outra música chamada Rudmiments, de uma banda chamada Milburn e a ficar trancada no quarto chorando diariamente durante quase dois meses.]O inevitável fim após o desgaste emocional machuca em lugares nunca antes explorados. A dor é tanta que dá para se perguntar se é física ou espiritual. Mas o que fazer depois do fim, apagar a memória do que foi vivido para evitar sofrimento? Mergulhar em fossa, ficar ouvindo (insira sua banda/artista de fossa preferido aqui) e lembrando só das coisas boas? Viver de trabalho/estudo para ocupar a cabeça e aos fins de semana virar aquela má influência que seus pais passaram anos te alertando que nunca prestaram?
[Passado esse período de fossa e vida malígna na vida da mocinha, as duas moças voltaram a se ver. E, aparentemente, a vida tinha ainda algumas cores quando estavam juntas. Foram ficando, e ficando, e ficando, e ficando. As cores foram sumindo e nem dava para dizer que era pouco a pouco. E uma sugava qualquer brilho que pudesse se assemelhar a cor na vida uma da outra.]O mesmo acontece com a recepcionista da clínica, que foi quem mandou para todas as pessoas que fizeram o procedimento seus respectivos arquivos. Ela descobre que passou pelo procedimento para esquecer o médico responsável pela clínica, com quem ela teve um caso e, por quem ela era apaixonada, mesmo após o procedimento.
[Um dia, com toda a sabedoria dos seus 21 anos, a mocinha concluiu que gosta muito da lembrança colorida do que sentiu pela outra moça um dia. Mais pela seletividade da memória, que lembra de coisas maravilhosas que ambas viveram juntas, que pelo que, de fato, se passou.]A mágica de Brilho Eterno está aí. Nesse tapa na cara que o filme é capaz de dar nas pessoas, mesmo tendo os insuportáveis Jim Carey como protagonista e Elijah Wood e Kirsten Dunst em papéis menores. Nós precisamos aprender a viver com as mágoas e com as boas lembranças. Ainda que, vez por outra, pesem.
"Regra número um do Clube da Luta - você não deve falar sobre o clube da luta.Todo mundo sabe que o Tyler Durden é um delírio esquizofrênico e que foi o Edward Norton que comeu a Marla Singer, que é a mulher do Tim Burton (Helena Boham-Carter) e tudo isso só porque ele tinha insônia e tava querendo causar um caos financeiro pra aliviar a própria parte.
Regra número dois do Clube da Luta - nunca, jamais, comente sobre o clube da luta.
[...]
Regra número sete do Clube da Luta - As lutas duram o tempo que for necessário.
Regra número oito do Clube da Luta - se é sua primeira noite no Clube da Luta, você tem de lutar."
"A Córeia é o bêbado da chave. Quem bater mais no bêbado, classifica melhor".Agora sim, vamos falar de Copa do Mundo já que tá todo mundo desocupado por um mês para assistir aos jogos do mundial.
"Como você sabe, dirás feito um cego tateando, e dizer assim, supondo um conhecimento prévio, faria quem sabe o coração do outro adoçar um pouco até prosseguires, mas sem planejar, embora planejes há tanto tempo, farás coisas como acender o abajur do canto depois de apagar a luz mais forte no alto, criando um clima assim mais íntimo, mais acolhedor, que não haja tensão alguma no ar, mesmo que previamente saibas do inevitável das palmas molhadas de tuas mãos, do excesso de cigarros e qualquer coisa como um leve tremor que, esperas, não transparecerá em tua voz. Mas dirás assim, por exemplo, como você sabe, a gente, as pessoas infelizmente têm, temos, essa coisa, as emoções, mas te deténs, infelizmente? o outro talvez perguntaria por que infelizmente? então dirás rápido, para não te desviares demasiado do que estabeleceste, qualquer coisa como seria tão bom se pudéssemos nos relacionar sem que nenhum dos dois esperasse absolutamente nada, mas infelizmente, insistirás, infelizmente nós, a gente, as pessoas, têm, temos
- emoções. Meditarias: as pessoas falam coisas, e por trás do que falam há o que sentem, e por trás do que sentem há o que são e nem sempre se mostra. Há os níveis não formulados, camadas imperceptíveis, fantasias que nem sempre controlamos, expectativas que quase nunca se cumprem e sobretudo, como dizias, emoções. Que nem se mostram. Por tudo isso, infelizmente, repetirás, insistirás completamente desesperado, e teu único apoio será a mão estendida que, passo a passo, raciocinas com penosa lucidez, através de cada palavra estarás quem sabe afastando para sempre. Mas já não sou capaz de me calar, talvez dirás então, descontrolado e um pouco mais dramático, porque meu silêncio já não é uma omissão, mas uma mentira. O outro te olhará com olhos vazios, não entendendo que teu ritmo acompanharia o desenrolar de uma paisagem interna absolutamente não verbalizável, desenhada traço a traço em cada minuto dos vários dias e tantas noites de todos aqueles meses anteriores, recuando até a data maldita ou bendita, ainda não ousaste definir, em que pela primeira vez o círculo magnético da existência de um, por acaso banal ou pura magia, interceptou o círculo do outro.
No silêncio que se faria, pensas, precisarás fazer alguma coisa como colocar um disco ou ensaiar um gesto, mas talvez não faças nada, pois ele continuará te olhando com seus olhos vazios no fundo dos quais procuras, mergulhador submarino, o indício mínimo de algum tesouro escondido para que possas voltar à tona com um sorriso nos lábios e as mãos repletas de pedras preciosas. Mas nesse silêncio que certamente se fará talvez acendas mais um cigarro, e com a seca boca cerrada sem nenhum sorriso, evitarias o mergulho para não correres o risco de encontrar uma fera adormecida. Teu coração baterá com força, sem que ninguém escute, e por um momento talvez imagines que poderias soltar os membros e simplesmente tocá-lo, como se assim conseguisses produzir uma espécie qualquer de encantamento que de repente iluminaria esta sala com aquela luz que tentas em vão descobrir também nele, enquanto dentro de ti ela se faz quase tangível de tão clara. Nítida luz que ele não vê, esse outro sentado a teu lado na sala levemente escurecida, onde os sons externos mal penetram, como se estivessem os dois presos numa bolha de ar, de tempo, de espaço, e novamente encherás o cálice com um pouco mais de vinho para que o líquido descendo por tua garganta trêmula vá ao encontro dessa claridade que tentas, precário, transformar em palavras luminosas para oferecer a ele. Que nada diz, e nada dirás, e sem saber por quê imaginas um extenso corredor escuro onde tateias feito cego, as mãos estendidas para o vazio, pressentindo o nada que tu mesmo prepararias agora, suicida meticuloso, através de silêncios mal tecidos e palavras inábeis, pobre coisa sedente, te feres, exigindo o poço alheio para saciar tua sede indivisível.
Anjos e demônios esvoaçariam coloridos pela sala, mas o caçador de borboletas permanece parado, olhando para a frente, um cigarro aceso na mão direita, um cálice de vinho na mão esquerda. A presença do outro latejaria a teu lado quase sangrando, como se o tivesses apunhalado com tua emoção não dita. Tuas mãos apoiadas em bengalas mentirosas não conseguiriam desvencilhar o gesto para romper essa espessa e invisível camada que te separa dele. Por um momento desejarás então acender a luz, dar uma gargalhada ridícula, acabar de vez com tudo isso, fácil fingir que tudo estaria bem, que nunca houve emoções, que não desejas tocá-lo, que o aceitas assim latejando amigo belo remoto, completamente independente de tua vontade e de todos esses teus informulados sentimentos. No momento seguinte, tão imediato que nascerá, gêmeo tardio, quase ao mesmo tempo que o anterior, desejarás depositar o cálice, apagar o cigarro e estender duas mãos limpas em direção a esse rosto que sequer te olha, absorvido na contemplação de sua própria paisagem interna. Mas indiferente à distância dele, quase violento, de repente queres violar com tua boca ardida de álcool e fumo essa outra boca a teu lado. Desejarás desvendar palmo a palmo esse corpo que há tanto tempo supões, com essa linguagem mesmo de história erótica para moças, até que tua língua tenha rompido todas as barreiras do medo e do nojo, subliterário e impudico continuas, até que tua boca voraz tenha bebido todos os líquidos, tuas narinas sugado todos os cheiros e, alquímico, os tenhas transmutado num só, o teu e o dele, juntos - luz apagada, clichê cinematográfico, peças brancas de roupa cintilando jogadas ao chão.
E desejá-lo assim, com todos os lugares-comuns do desejo, a esse outro tão íntimo que às vezes julgas desnecessário dizer alguma coisa, porque enganado supões que tu e ele vezenquando sejam um só, te encherá o corpo de uma força nova, como se uma poderosa energia brotasse de algum centro longínquo, há muito adormecido, todas as princesas de todos os contos de fada desfilam por tua cabeça, quem sabe dessa luz oculta, e é então que sentes claramente que ele não é tu e que tu não serás ele, esse ser, o outro, que mágico ou demoníaco, deliberado ou casual te inflama assim de tolos ardores juvenis, alucinando tua alma, que o delírio é tanto que até supões ter uma. Queres pedir a ele que simplesmente sendo, te mantenha nesse atormentado estado brilhante para que possas iluminá-lo também com teu toque, tua língua terna, a rija vara de condão de teu desejo. Mas ele nada sabe, nem saberá se permaneceres assim, temeroso de que uma palavra ou gesto desastrados seriam capazes de rasgar em pedaços essa trama onde te enleias cada vez mais sem remédio, emaranhado em ti e tuas ciladas, em tua viva emoção sintética a ponto de parecer real, emaranhado no desconhecido de dentro dele, o outro - que no lado oposto do sofá cruza as mãos sobre os joelhos, quase inocente, esperando atento e educado que de alguma forma termines o que começaste.
Muito mais que com amor ou qualquer outra forma tortuosa da paixão, será surpreso que o olharás agora, porque ele nada sabe de seu poder sobre ti, e neste exato momento poderias escolher entre torná-lo ciente de que dependes dele para que te ilumines ou escureças assim, intensamente, ou quem sabe orgulhoso negar-lhe o conhecimento desse estranho poder, para que não te estraçalhe entre as unhas agora calmamente postas em sossego, cruzadas nas pontas dos dedos sobre os joelhos.
Ah, fumarás demais, beberás em excesso, aborrecerás todos os amigos com tuas histórias desesperadas, noites e noites a fio permanecerás insone, a fantasia desenfreada e o sexo em brasa, dormirás dias adentro, noites afora, faltarás ao trabalho, escreverás cartas que não serão nunca enviadas, consultarás búzios, números, cartas e astros, pensarás em fugas e suicídios em cada minuto de cada novo dia, chorarás desamparado atravessando madrugadas em tua cama vazia, não conseguirás sorrir nem caminhar alheio pelas ruas sem descobrires em algum jeito alheio o jeito exato dele, em algum cheiro estranho o cheiro preciso dele.
Que não suspeitará da tua perdição, mergulhado como agora, a teu lado, na contemplação dessa paisagem interna onde não sabes sequer que lugar ocupas, e nem mesmo se estás nela. Na frente do espelho, nessas manhãs maldormidas, acompanharás com a ponta dos dedos o nascimento de novos fios brancos nas tuas têmporas, o percurso áspero e cada vez mais fundo dos negros vales lavrados sob teus olhos profundamente desencantados. Sabes de tudo sobre esse possível amargo futuro, sabes também que já não poderias voltar atrás, que estás inteiramente subjugado e as tuas palavras, sejam quais forem, não serão jamais sábias o suficiente para determinar que essa porta a ser aberta agora, logo após teres dito tudo, te conduza ao céu ou ao inferno. Mas sabes principalmente, com uma certa misericórdia doce por ti, por todos, que tudo passará um dia, quem sabe tão de repente quanto veio, ou lentamente, não importa. Por trás de todos os artifícios, só não saberás nunca que nesse exato momento tens a beleza insuportável da coisa inteiramente viva. Como um trapezista que só repara na ausência da rede após o salto lançado, acendes o abajur no canto da sala depois de apagar a luz mais forte no alto. E finalmente começas a falar."