quarta-feira, 30 de junho de 2010

Vamos falar de coisa boa?


Brinks, vamos falar da Copa, claro. Nessas oitavas de final a gente deixa de lado toda a idiotice dungueana e volta a falar do futebol, como a vida deve ser.
Mick Jagger conseguiu, com todo seu pé frio, mandar pra casa a turma do Tio Sam e a turma da Rainha (da Inglaterra, não da Xuxa). Só uma pessoa não acha que o Mick Jagger é azarado. A Luciana Gimenez. Aposto que até ele se achou azaradão em alguns momentos de sua vida. Tipo o momento que ela contou pra ele que teria um filho dele, ou quando ele foi acompanhar duas Seleções no Mundial e as duas foram eliminadas. Só um palpite e tal.
A Seleção com mais sorte que passou agora para as quartas de final é, sem dúvida, o Uruguai. Eliminou a Coréia do Sul nas oitavas e vai pegar Gana agora nas quartas. Brasil e Holanda vai ser um jogo difícil. E mais difícil ainda vai ser aguentar o Galvão Bueno falando "é dramáááááááááááááático".
Paraguai e Espanha também promete um jogo menos fácil pra qualquer um dos lados. Porque a gente gosta da Espanha por ter eliminado Portugal, mas também gosta do Paraguai porque muita gente corre lá pra comprar a muamba nossa de cada dia.
Jogão mesmo, duelo de grandes vai ser Argentina e Alemanha. São duas Seleções boas e que todo mundo odeia. Aí é a hora da verdade. Maradona devia correr pelado se ganhar esse jogo, porque é a única verdadeira berreira entre a Argentina e a Taça da Fifa. Ou não. Porque, como diria o outro, futebol é uma caixinha de surpresas.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

#InsôniaFeelings

Quinze para as três da manhã e o sono deve estar parado em algum trânsito por ai. E assim tem sido na última semana. Normalmente rola aquela insônia dominical, que o corpo relaxa, mas a mente não quer relaxar de forma alguma e isso acaba transformando esse ser por trás da máquina em um bife na frigideira, virando o tempo todo.
Mas normalmente, após adormecer nas madrugadas longas de domingo, é preciso acordar e ir para a faculdade. Porque sim, esse ser de vida ingrata estuda vai às aulas de manhã. E nas segundas-feiras é o melhor humor de quem não dormiu e pegou ônibus lotado, porque o décimo quinto motorista resolveu parar em seu ponto, depois que seus catorze predecessores passaram reto. Incrível como os ônibus são muito mais lotados nas segundas-feiras que nos demais dias da semana.
Mas na própria segunda-feira, depois de fazer tudo o que devia ser feito fora de casa (normalmente segundas-feiras são excelentes dias para processos seletivos, so is teached for all companies' human ressorces), esse ser volta para casa, fica vendo bobagem navegando pela internet e depois de comer alguma porcaria (porque nessa casa não se janta), e alguma fruta, capotava antes de terminar o CQC, que é um dos piores programas da tevê brasileira.
Mas nessa segunda-feira, algo estranho aconteceu. O sono nem o sono quis deitar nessa cama. É uma cama pequena, mas cabem dois, principalmente se um dos dois for o sono. E o mesmo aconteceu na terça-feira, na quarta-feira, na quinta-feira e na sexta-feira. Horas rolando na cama, não mais que quatro horas dormindo.
Na madrugada de sábado pra domingo o milagre aconteceu e o sono me added por 7 horas - das 5 da manhã ao meio-dia. Tempo suficiente para sonho desconexo, que segundo dicionários dos sonhos só significam coisas boas. (Finalmente, porque coisas ruins já tiveram grande parcela dessa vida há, pelo menos, 6 anos.) Depois disso, quem me added foi o Harry Potter na TNT e tamo ai nesse follow back desde então.
Não é nada preocupante. Ainda não foi desenvolvido nenhum Brad Pitt, nem ninguém tá se batendo por ai. Só as contas estão acumulando mais juros, mas ainda há fé que um dia Deus vai me dar a salvação que as dívidas caduquem lá no SPC/Serasa, ou o bilhete premiado da Megasena entre pela janela desse quarto torto e torne a pecinha por trás da máquina mais rica que o Eike Batista. Sonhar não custa nada não.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

...

Pouco prazer e muita irritação. A vida não é justa pra ninguém.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Futebol é uma caixinha de surpresas...

Enche o saco falar da babaquice do Dunga. Além de coerente o cara é burro. Porque a expulsão do Kaká foi culpa dele, que não tirou o Kaká de campo quando deveria ter tirado, logo que saiu o Elano. Quando, meu Deus, quando que a Globo se prestou a fazer editorial antes do que foi feito ontem? Pouquíssimas vezes. Partir para a ignorância com jornalista é assinar atestado de idiotice. Ninguém mais precisa dizer da idiotice do Dunga. Isso nem vem ao caso. Mas essa Copa, hein?! Chaaaaata.
As seleções sulamericanas invictas, sendo que Uruguai não saiu do 0x0 no primeiro jogo (com a França) e o Paraguai também empatou em 1x1 com a Itália no primeiro. Mas ambas as seleções ganharam o segundo jogo.
Chile ganhou as duas partidas, mas apenas com um gol marcado em cada. Argentina ganhou o primeiro jogo com um gol marcado, mas goleou a Coreia do Sul. Diferente do Brasil, que teve um perrengue para ganhar da Coreia do Norte, mas marcou bem contra a Costa do Marfim.
Aliás, que jogo. Luis Fabiano fez um belíssimo gol e um segundo gol que só faltou segurar a bola, acertar no pé e marcar. Thierry Henry way of playing. Elano marcou bem também e depois foi injuriado. Do jeito que essa Copa vai, nas oitavas o que veremos é a Copa América.
(Minha favorita absoluta) A Alemanha mandou muito bem no primeiro jogo e desapontou no segundo. Perder pra Sérvia?! Quem é a Sérvia no futebol mundial, gente?
E a Inglaterra, que tá vivendo de empate? Empatou com seus próprios colonos, e com a Argélia, que também é ninguém no futebol mundial.
Na Europa, só a Holanda tem mantido o (meu) respeito. Ganhou seus dois jogos, so far. A França a gente ama que nem a Argentina. Ama ver tomar no cu. Todo mundo torcendo pra França não conseguir marcar nada amanhã e, por um milagre divino, a África do Sul marcar pelo menos dois golzinhos. Pizza Hut irlandesa vai distribuir mais 700 pizzas gratuitas e a gente corre lá. Afinal a Irlanda é aqui do lado.
E Portugal, hein? Empata com a Costa do Marfim e hoje assusta todo mundo. Primeiro tempo termina morninho, em 1x0 e na hora de conferir o resultado, vemos aquele 7x0. Porra, 7x0 é um resultado muito lindo.
Tudo bem, só um milagre para a Seleção do Maradona perder da Grécia, mas não custa nada espetar um boneco de voodoo. Quem tá pobre miserável que nem essa pessoa por trás da máquina, não é difícil fazer um boneco de voodoo. É só comprar o pano (ou encontrar os retalhos que sua tia usava quando costurava), pegar uma tesoura sem ponta, uma agulha e linha e pedir para um adulto costurar, pra não correr o risco de enfiar a agulha no olho e correr para o hospital.
Aí é fazer dois voodoos. Um para a França e um para a Argentina. E espetar a vontade.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Would you erase me?


Então é aquela coisa. Você conhece alguém de forma aleatória e esse alguém começa a crescer em você de forma inesperada. Por glória divina esse crescimento é mútuo. Vocês se apaixonam, se adoram, se amam, a vida nunca mais vai fazer sentido sem esse ser.
[Uma história no meio da história. Um dia uma mocinha, no começo de seus 19 anos resolveu engatar uma relação com uma outra moça que, na época, tinha 27 anos. Esse romance foi todo lindo e colorido por aproximadamente seis ou sete meses.]
Mas a convivência se encarrega de ir tirando pouco a pouco as maravilhosas cores que essa vida incrível com esse alguém incrível costuma(va) ter. De dias coloridos a dias pastéis, até o fim do túnel em dias totalmente cinzas. Não dá mais.
[Um dia a moça mais velha, já com seus 28 anos, disse para a mocinha mais nova que nunca tinha gostado dela. A mocinha então se rendeu à trilha sonora de Magnólia, a uma outra música chamada Rudmiments, de uma banda chamada Milburn e a ficar trancada no quarto chorando diariamente durante quase dois meses.]
O inevitável fim após o desgaste emocional machuca em lugares nunca antes explorados. A dor é tanta que dá para se perguntar se é física ou espiritual. Mas o que fazer depois do fim, apagar a memória do que foi vivido para evitar sofrimento? Mergulhar em fossa, ficar ouvindo (insira sua banda/artista de fossa preferido aqui) e lembrando só das coisas boas? Viver de trabalho/estudo para ocupar a cabeça e aos fins de semana virar aquela má influência que seus pais passaram anos te alertando que nunca prestaram?
Todo mundo já amou ou vai amar de forma absolutamente despretensiosa e intensa. E esse foi o caso de Joel e Clementine, em Brilho Eterno de Uma Mente sem Lembranças, que é um filme que tinha de ser muito bom só para compensar o título imenso. Joel e Clementine viveram todos os clichês de um relacionamento. Se apaixonaram, dividiram uma rotina, se desgastaram e sofreram um com o outro. Ou um pelo outro.
Dias antes do Dia dos Namorados, Clementine deixou Joel e apagou ele de suas memórias. Voltou a viver como se nunca o tivesse conhecido. Joel sofreu de fossa, como todo ser humano apaixonado. Quando descobriu que foi apagado das memórias de Clementine, procurou a mesma clínica e resolveu fazer o mesmo procedimento para apagá-la de sua memória.
Durante o procedimento ele se arrepende. Porque ele entende que ele não quer esquecê-la, ele quer deixar de amá-la. Então ele tenta fugir com ela em suas lembranças para outras lembranças de sua vida, para que ela nunca deixe de existir em sua memória.
A equipe da clínica, no entanto, rastreia essa fuga, e ele acaba por perder todas as memórias. Por ironia do destino, eles tornam a se conhecer no Dia dos Namorados, e tornam a ficar juntos. E descobrem então que ambos se apagaram de suas respectivas memórias.
[Passado esse período de fossa e vida malígna na vida da mocinha, as duas moças voltaram a se ver. E, aparentemente, a vida tinha ainda algumas cores quando estavam juntas. Foram ficando, e ficando, e ficando, e ficando. As cores foram sumindo e nem dava para dizer que era pouco a pouco. E uma sugava qualquer brilho que pudesse se assemelhar a cor na vida uma da outra.]
O mesmo acontece com a recepcionista da clínica, que foi quem mandou para todas as pessoas que fizeram o procedimento seus respectivos arquivos. Ela descobre que passou pelo procedimento para esquecer o médico responsável pela clínica, com quem ela teve um caso e, por quem ela era apaixonada, mesmo após o procedimento.
O elenco do filme só é salvo por Kate Winslet e Mark Ruffalo, mas a história é maravilhosa. Porque todo mundo um dia já pensou em como seria apagar alguém da memória. E o borderline do filme (a meu ver) é que as memórias não são apagáveis. Que os seres humanos têm de deixar de ser tão autopiedosos e aprender a conviver com as lembranças - boas e ruins.
[Um dia, com toda a sabedoria dos seus 21 anos, a mocinha concluiu que gosta muito da lembrança colorida do que sentiu pela outra moça um dia. Mais pela seletividade da memória, que lembra de coisas maravilhosas que ambas viveram juntas, que pelo que, de fato, se passou.]
A mágica de Brilho Eterno está aí. Nesse tapa na cara que o filme é capaz de dar nas pessoas, mesmo tendo os insuportáveis Jim Carey como protagonista e Elijah Wood e Kirsten Dunst em papéis menores. Nós precisamos aprender a viver com as mágoas e com as boas lembranças. Ainda que, vez por outra, pesem.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Regras do Clube da Luta


"Regra número um do Clube da Luta - você não deve falar sobre o clube da luta.
Regra número dois do Clube da Luta - nunca, jamais, comente sobre o clube da luta.
[...]
Regra número sete do Clube da Luta - As lutas duram o tempo que for necessário.
Regra número oito do Clube da Luta - se é sua primeira noite no Clube da Luta, você tem de lutar."
Todo mundo sabe que o Tyler Durden é um delírio esquizofrênico e que foi o Edward Norton que comeu a Marla Singer, que é a mulher do Tim Burton (Helena Boham-Carter) e tudo isso só porque ele tinha insônia e tava querendo causar um caos financeiro pra aliviar a própria parte.
Insônia não é o problema aqui, mas causar um caos financeiro pra aliviar a parte da pobre autora desse blog parece ser uma boa idéia mas, infelizmente, a autora desse blog não é dada a crimes, fraudes e qualquer sorte de transações ilícitas.
Acontece que as duas primeiras e as duas últimas regras do Clube da Luta podem ser aplicadas a diversas situações da vida. Como entrar em situações-armadilha, por exemplo. Ou sair dessas situações.
Em algum momento da vida, todo mundo já desejou ter seu personal Tyler Durden - fala as merdas que você queria falar, come a mulher que você queria comer, leva a vida do jeito que você queria levar e não enfrenta nenhuma conseqüência.
E um dia, cedo ou tarde, todo mundo libera o Tyler Durden adormecido dentro de si, nem que seja por alguns instantes. Álcool, sexo ou qualquer outro tipo de entorpecente é a desculpa para liberar o lado cool inconseqüente adormecido em cada um. Mas depois que o efeito dessas substâncias passa, fica só ressaca - física e/ou moral.
O gancho final deste post era, na verdade, dizer que a regra básica do clube da luta é não falar (nem fazer) mais do que aquilo que se agüenta ouvir (ou viver). Porque Tyler Durden isn't real e quem sofre com a repercursão de agir inconsequentemente é sua consciência.
E todo mundo sabe que peso na consiência pode causar insônia que pode causar esquizofrenia paranóica, que vai criar um cara que é o Brad Pitt e isso tá bem longe da sua realidade...

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Tédio, seu nome é Copa

Assim como coerência, seu nome é Dunga. Para abrir bem o post, Datena no pós-jogo:
"A Córeia é o bêbado da chave. Quem bater mais no bêbado, classifica melhor".
Agora sim, vamos falar de Copa do Mundo já que tá todo mundo desocupado por um mês para assistir aos jogos do mundial.
Os jogos continuam tendo doses cavalares de maracujina feat passiflora e estão parados, para não dizer tediosos. Domingo teria sido o dia do 1x0 se não fosse a Alemanha dar aquela aula de futebol. Meteu logo 4 na Austrália, pra mostrar que conquistar o tetracampeonato pra eles não é brincadeira. E, pra não deixar de dizer que brasileiro é uma praga, pra variar, tem brasileiro (negro) naturalizado alemão na seleção deles. Hitler se revira no túmulo. Ou num cinema parisiense, de acordo com Tarantino.
Ontem a Holanda bateu a Dinamarca por 2x0, sendo um dos gols contra. Essa é a beleza do mundial. Frangos, gols-contra, como a vida deve ser. O Japão ganhou de 1x0 de Camarões que, como todas as outras seleções africanas, é cheio de jogador rápido, mas nenhuma tática de jogo.
A atual (tetra)campeã Itália conseguiu empatar em 1x1 com o Paraguai. E por falar nisso, "Foi num bar em Assunção, capital do Paraguai, onde eu vi as paraguaias sorridentes a bailaaaaaaaaaar"[...]
Nova Zelândia e Eslováquia, que não fedem nem cheiram, empataram em 1x1 também. Portugal e Costa do Marfim seguiram o exemplo de França e Uruguai e não teve nem uma balançadinha na rede.
E, depois do show de empates dessa terça-feira, houve aquele momento esperado por toda a nação brasileira que deixou de trabalhar hoje - o espetáculo da coerência dungueana. Primeiro tempo tão morto que dava vontade de colocar no Viva e ver a reprise de 4 por 4. O próprio Dunga olhava desacreditado para a merda de escalação que tinha feito.
Robinho pedalou em bicicleta ergométrica, porque não conseguiu sair do lugar. Kaká foi um dos jogadores que mais se movimentou durante a partida, mas foi difícil dizer se seus movimentos eram de Tai Chi ou Ioga. Também não jogou nada. Maicon marcou o primeiro gol e Elano marcou o segundo. Mas não fizeram mais que a obrigação, de acordo com o Datena.
Ai na coletiva pós-jogo, Dunga declara o seguinte: "a gente queria ganhar, queria marcar mais. Claro que tomar um gol não deixa ninguém feliz. Pergunta pro Júlio César se ele está feliz, pra você ver". Coerência, seu nome é Dunga.

domingo, 13 de junho de 2010

A Copa da soneca

A Copa do Mundo começou com jogos fraquíssimos. Dois empates no dia de estréia, sendo um deles o tedioso 0x0 de França e Uruguai. Por enquanto o país com maior número de gols foi a Coréia do Sul (!), com 2 gols em cima da Grécia, o que mostra o ritmo maracujina meets passiflora dessa Copa.
E a Inglaterra, hein? Marca antes dos cinco minutos do primeiro tempo, mas toma um gol imbecil que foi um belíssimo exemplo para os pintinhos que crescem nas avícolas de seus destinos cruéis de virarem frangos.
Amanhã o único jogo que pode ser interessante de assistir é o terceiro, da Alemanha contra a Austrália. Para animar essa Copa, a Alemanha deveria ganhar. Para empatar o número de títulos com a Itália de novo e tal. Porque essa história de time da África ganhar é tediosa, pra não falar engraçada e dreamkiller.
Nelson Madela, mil perdões, mas ninguém nem lembra que a África existe. Ou se lembra, é da África como um continente pré-histórico. As pessoas são incapazes de cogitar a idéia de existir, sei lá, esgoto, água encanada, luz, tevê e internet na África. Fala em África todo mundo pensa só na miséria, na umbanda, no candomblé, em criancinhas desnutridas e em savana. A idéia de a África ser um continente do século XXI é inconcebível para meia humanidade.
Agora é esperar por maiores emoções nos jogos que seguem. Holanda e Dinamarca, e Itália e Paraguai na segunda devem ser melhores. Brasil também tem a obrigação de massacrar a Coréia do Norte pra colocar o tal do Rooney da Ásia no lugar dele de país que observa o futebol ao invés de jogar. Ou não. Ou essa vai ser a Copa do tédio e da coerência do Dunga. Vai saber.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Verborragia

Depois de um tiro no pé Voltamos à nossa programação normal.
Semana de prova é uma semana de corno. Noites com três horas de sono, trabalhos para serem entregues, seleção natural de exames a serem feitos por falta de tempo ou de empenho para a matéria, esse tipo de coisa. E essa é a décima segunda semana de provas das 16 totais do curso. Sem contar com semana de exames. Contando com semana de exames, essa é a décima sétima semana de provas, de um total de 24.
Todo mundo que passa ou já passou por isso sabe o que é não ter vida nenhuma durante uma semana. E os donos de bar acham estranho pessoas bebendo cerveja nove e meia da manhã de uma sexta-feira, só para comemorar que acabou. Cervejada pós-banca de TCC deve ser um prazer inenarrável.
Mas essa semana from hell está no fim. Amanhã tem a última prova (programa de entrevista). Depois tem cervejada de comemoração + primeiro jogo da Copa. Mas o problema dessa semana não foram só as provas. O mundo não foi muito amigável.
Freedocast falhou durante o season finale de Glee, que aliás ninguém entendeu até agora por que o Ryan Murphy foi tão clichê na hora de escolher qual seria o gancho para a segunda temporada. Quem acreditava que na segunda temporada seria a preparação pras Nationals, um beijo e um queijo para você.
Quero só ver se durante a segunda temporada a Fox surta e confirma que vai fazer uma quarta temporada. Ai o que rola, eles perdem as Sectionals para ter gancho pra isso? E como seria essa quarta temporada? Eles terminam o colégio e vão todos pra mesma faculdade pra manter o clube?
Por maior obssessão particular que essa série me seja atualmente, depois desse season finale ficou no ar um misto de tristeza e brochada, porque havia muita espectativa.
E Ídolos, hein? Adoro essa fase de testes, sempre rende boas risadas e tal. Mas esse programa não é para o Rodrigo Faro. Ele manda bem naquele programa de sábado, o Melhor do Brasil. Lá ele faz as palhaçadas e tira aquele barato da caravana da zona leste. Infinitamente superior ao Márcio Garcia que está na geladeira da Globo mordendo o próprio cotovelo de tanta raiva por não ter essa desenvoltura do Faro.
Mas Ídolos, sei lá, precisava de um host melhor. Ou um que entenda de música, pelo menos. O bom de Ídolos é a Paula Lima (que particularmente eu acho bastante pegável). Porque Marco Camargo e Calainho fazem do programa uma guerra particular e os espectadores sempre ficam com aquela cara de paisagem, pensando se realmente não entendem nada de música ou se isso é só putaria deles.
E tem também a Copa que começa amanhã e tal. Os bolões estão pegando fogo e, claro, surgiram milhares de médiuns, premonitores e charlatões de todas as categorias dizendo que quem ganha a Copa é um time da África. Quanta originalidade, meu deus. Com toda a tradição futebolística que os times da África têm, juntando todos os times africanos não dá um time pouco regular, tipo os Estados Unidos, que também não tem cacife suficiente pra jogar em Copa.
Muita coisa de uma vez e assunto nenhum. E a vida segue.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Para você.

"Como você sabe, dirás feito um cego tateando, e dizer assim, supondo um conhecimento prévio, faria quem sabe o coração do outro adoçar um pouco até prosseguires, mas sem planejar, embora planejes há tanto tempo, farás coisas como acender o abajur do canto depois de apagar a luz mais forte no alto, criando um clima assim mais íntimo, mais acolhedor, que não haja tensão alguma no ar, mesmo que previamente saibas do inevitável das palmas molhadas de tuas mãos, do excesso de cigarros e qualquer coisa como um leve tremor que, esperas, não transparecerá em tua voz. Mas dirás assim, por exemplo, como você sabe, a gente, as pessoas infelizmente têm, temos, essa coisa, as emoções, mas te deténs, infelizmente? o outro talvez perguntaria por que infelizmente? então dirás rápido, para não te desviares demasiado do que estabeleceste, qualquer coisa como seria tão bom se pudéssemos nos relacionar sem que nenhum dos dois esperasse absolutamente nada, mas infelizmente, insistirás, infelizmente nós, a gente, as pessoas, têm, temos
- emoções. Meditarias: as pessoas falam coisas, e por trás do que falam há o que sentem, e por trás do que sentem há o que são e nem sempre se mostra. Há os níveis não formulados, camadas imperceptíveis, fantasias que nem sempre controlamos, expectativas que quase nunca se cumprem e sobretudo, como dizias, emoções. Que nem se mostram. Por tudo isso, infelizmente, repetirás, insistirás completamente desesperado, e teu único apoio será a mão estendida que, passo a passo, raciocinas com penosa lucidez, através de cada palavra estarás quem sabe afastando para sempre. Mas já não sou capaz de me calar, talvez dirás então, descontrolado e um pouco mais dramático, porque meu silêncio já não é uma omissão, mas uma mentira. O outro te olhará com olhos vazios, não entendendo que teu ritmo acompanharia o desenrolar de uma paisagem interna absolutamente não verbalizável, desenhada traço a traço em cada minuto dos vários dias e tantas noites de todos aqueles meses anteriores, recuando até a data maldita ou bendita, ainda não ousaste definir, em que pela primeira vez o círculo magnético da existência de um, por acaso banal ou pura magia, interceptou o círculo do outro.
No silêncio que se faria, pensas, precisarás fazer alguma coisa como colocar um disco ou ensaiar um gesto, mas talvez não faças nada, pois ele continuará te olhando com seus olhos vazios no fundo dos quais procuras, mergulhador submarino, o indício mínimo de algum tesouro escondido para que possas voltar à tona com um sorriso nos lábios e as mãos repletas de pedras preciosas. Mas nesse silêncio que certamente se fará talvez acendas mais um cigarro, e com a seca boca cerrada sem nenhum sorriso, evitarias o mergulho para não correres o risco de encontrar uma fera adormecida. Teu coração baterá com força, sem que ninguém escute, e por um momento talvez imagines que poderias soltar os membros e simplesmente tocá-lo, como se assim conseguisses produzir uma espécie qualquer de encantamento que de repente iluminaria esta sala com aquela luz que tentas em vão descobrir também nele, enquanto dentro de ti ela se faz quase tangível de tão clara. Nítida luz que ele não vê, esse outro sentado a teu lado na sala levemente escurecida, onde os sons externos mal penetram, como se estivessem os dois presos numa bolha de ar, de tempo, de espaço, e novamente encherás o cálice com um pouco mais de vinho para que o líquido descendo por tua garganta trêmula vá ao encontro dessa claridade que tentas, precário, transformar em palavras luminosas para oferecer a ele. Que nada diz, e nada dirás, e sem saber por quê imaginas um extenso corredor escuro onde tateias feito cego, as mãos estendidas para o vazio, pressentindo o nada que tu mesmo prepararias agora, suicida meticuloso, através de silêncios mal tecidos e palavras inábeis, pobre coisa sedente, te feres, exigindo o poço alheio para saciar tua sede indivisível.
Anjos e demônios esvoaçariam coloridos pela sala, mas o caçador de borboletas permanece parado, olhando para a frente, um cigarro aceso na mão direita, um cálice de vinho na mão esquerda. A presença do outro latejaria a teu lado quase sangrando, como se o tivesses apunhalado com tua emoção não dita. Tuas mãos apoiadas em bengalas mentirosas não conseguiriam desvencilhar o gesto para romper essa espessa e invisível camada que te separa dele. Por um momento desejarás então acender a luz, dar uma gargalhada ridícula, acabar de vez com tudo isso, fácil fingir que tudo estaria bem, que nunca houve emoções, que não desejas tocá-lo, que o aceitas assim latejando amigo belo remoto, completamente independente de tua vontade e de todos esses teus informulados sentimentos. No momento seguinte, tão imediato que nascerá, gêmeo tardio, quase ao mesmo tempo que o anterior, desejarás depositar o cálice, apagar o cigarro e estender duas mãos limpas em direção a esse rosto que sequer te olha, absorvido na contemplação de sua própria paisagem interna. Mas indiferente à distância dele, quase violento, de repente queres violar com tua boca ardida de álcool e fumo essa outra boca a teu lado. Desejarás desvendar palmo a palmo esse corpo que há tanto tempo supões, com essa linguagem mesmo de história erótica para moças, até que tua língua tenha rompido todas as barreiras do medo e do nojo, subliterário e impudico continuas, até que tua boca voraz tenha bebido todos os líquidos, tuas narinas sugado todos os cheiros e, alquímico, os tenhas transmutado num só, o teu e o dele, juntos - luz apagada, clichê cinematográfico, peças brancas de roupa cintilando jogadas ao chão.
E desejá-lo assim, com todos os lugares-comuns do desejo, a esse outro tão íntimo que às vezes julgas desnecessário dizer alguma coisa, porque enganado supões que tu e ele vezenquando sejam um só, te encherá o corpo de uma força nova, como se uma poderosa energia brotasse de algum centro longínquo, há muito adormecido, todas as princesas de todos os contos de fada desfilam por tua cabeça, quem sabe dessa luz oculta, e é então que sentes claramente que ele não é tu e que tu não serás ele, esse ser, o outro, que mágico ou demoníaco, deliberado ou casual te inflama assim de tolos ardores juvenis, alucinando tua alma, que o delírio é tanto que até supões ter uma. Queres pedir a ele que simplesmente sendo, te mantenha nesse atormentado estado brilhante para que possas iluminá-lo também com teu toque, tua língua terna, a rija vara de condão de teu desejo. Mas ele nada sabe, nem saberá se permaneceres assim, temeroso de que uma palavra ou gesto desastrados seriam capazes de rasgar em pedaços essa trama onde te enleias cada vez mais sem remédio, emaranhado em ti e tuas ciladas, em tua viva emoção sintética a ponto de parecer real, emaranhado no desconhecido de dentro dele, o outro - que no lado oposto do sofá cruza as mãos sobre os joelhos, quase inocente, esperando atento e educado que de alguma forma termines o que começaste.
Muito mais que com amor ou qualquer outra forma tortuosa da paixão, será surpreso que o olharás agora, porque ele nada sabe de seu poder sobre ti, e neste exato momento poderias escolher entre torná-lo ciente de que dependes dele para que te ilumines ou escureças assim, intensamente, ou quem sabe orgulhoso negar-lhe o conhecimento desse estranho poder, para que não te estraçalhe entre as unhas agora calmamente postas em sossego, cruzadas nas pontas dos dedos sobre os joelhos.
Ah, fumarás demais, beberás em excesso, aborrecerás todos os amigos com tuas histórias desesperadas, noites e noites a fio permanecerás insone, a fantasia desenfreada e o sexo em brasa, dormirás dias adentro, noites afora, faltarás ao trabalho, escreverás cartas que não serão nunca enviadas, consultarás búzios, números, cartas e astros, pensarás em fugas e suicídios em cada minuto de cada novo dia, chorarás desamparado atravessando madrugadas em tua cama vazia, não conseguirás sorrir nem caminhar alheio pelas ruas sem descobrires em algum jeito alheio o jeito exato dele, em algum cheiro estranho o cheiro preciso dele.
Que não suspeitará da tua perdição, mergulhado como agora, a teu lado, na contemplação dessa paisagem interna onde não sabes sequer que lugar ocupas, e nem mesmo se estás nela. Na frente do espelho, nessas manhãs maldormidas, acompanharás com a ponta dos dedos o nascimento de novos fios brancos nas tuas têmporas, o percurso áspero e cada vez mais fundo dos negros vales lavrados sob teus olhos profundamente desencantados. Sabes de tudo sobre esse possível amargo futuro, sabes também que já não poderias voltar atrás, que estás inteiramente subjugado e as tuas palavras, sejam quais forem, não serão jamais sábias o suficiente para determinar que essa porta a ser aberta agora, logo após teres dito tudo, te conduza ao céu ou ao inferno. Mas sabes principalmente, com uma certa misericórdia doce por ti, por todos, que tudo passará um dia, quem sabe tão de repente quanto veio, ou lentamente, não importa. Por trás de todos os artifícios, só não saberás nunca que nesse exato momento tens a beleza insuportável da coisa inteiramente viva. Como um trapezista que só repara na ausência da rede após o salto lançado, acendes o abajur no canto da sala depois de apagar a luz mais forte no alto. E finalmente começas a falar."

Porque Caio fala exatamente o que precisa ser dito. O momento pode não ser o certo, e pode nem existir, na verdade. E, de certo, caso leia, você entenderá.