sexta-feira, 29 de abril de 2011

Sobre contexto e genialidade

Sabe quando aquela banda F-E-N-O-M-E-N-A-L erra a mão no novo álbum e você pensa que é a pá de cal no túmulo dela? Meses depois você ouve o álbum de novo e NOSSA QUE GENIAL ESSE ÁLBUM, PUTAQUEPARIU! Isso é nada mais é que familiaridade e contexto. Porque as coisas funcionam assim - precisa fazer sentido no meio em que está inserido e no momento que você está vivendo.
Por exemplo - uma certa ex-namorada é cheia de mandar uns sms sem noção nenhuma do tipo "por que é vermelha e não verde?". Óbvio que isso é só um recurso dela para receber uma ligação, mas a gente entra na brincadeira e liga. "Por que o que é vermelha e não verde?", é a pergunta que não quer calar. E ela responde "a roupa do Papai Noel", e a resposta dela é entonada como se fosse o pensamento mais óbvio que uma pessoa pudesse ter diante de uma pergunta aleatória como essa. Ai a gente responde "porque o Papai Noel é invenção da Coca-Cola" e fica tudo resolvido. Porque entrou no âmbito da familiaridade e do contexto.
A mesma coisa acontece na faculdade. No primeiro semestre você é obrigado a ler, sei lá, O Príncipe Eletrônico. Não faz sentido nenhum na sua vida, porque você é um calouro leite-com-pêra que não foi preparado no colégio pra esses raciocínios elaboradíssimos das ciências políticas/sociais. Então, em outro momento, provavelmente no fim do curso, você, uma pessoa amadurecida pelos anos de estudo/trabalho e tomação no cu, tem de reler o tal d'O Príncipe Eletrônico e oh, é a história da minha vida detalhada num estudo.
A Chave desse post está, claro, no Angles. Porque sim, o Angles é genial, porque Strokes é genial e blablabla. Mas a primeira impressão que o Angles dá é assim - "agora eu entendo porque liberaram primeiro Under Cover of Darkness. Porque entra no padrão Strokes". O Angles é como o Humbug (Arctic Monkeys). Ou o Here We Stand (Fratellis). Ou mesmo o Wolfgang Amadeus Phoenix (Phoenix). Precisa de um costume pra entender. Tem de ouvir mais de 10 vezes cada música, antes dela soar familiar. E se conformar que ficou uma merda, pra deixar de lado por um período.
E o Wolfgang Amadeus Phoenix é uma obra-prima. Um dos melhores álbuns de todos os tempos. O Humbug é muito foda. O here We Stand é bacana. Todos eles mostram aquele amadurecimento da banda e tal. Diferente do Tonight: Franz Ferdinand, que continua soando como Franz Ferdinand.
Não vamos entrar na discussão sobre opinião. Todo mundo tem, não é nada demais. Cada um pode achar o que quiser. Mas a coisa do contexto vale muito a pena ser experimentada. Porque algo pode que pode não fazer sentido pra você agora, certamente vai ser a maior genialidade de amanhã. É que nem conselho de mãe - nunca falha.

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