domingo, 26 de dezembro de 2010

Re (In) trospectiva 2010

Duas coisas não podem mudar nunca - Natal tem de ter peru e Páscoa tem de ter bacalhau. Quer acabar com a ordem natural do mundo e introduzir a (minha) vida a entropia, basta eliminar uma dessas coisas.
Ai que esse ano [insira tom irônico] maravilhoso [/insira tom irônico] que foi 2010 passou rápida e doloridamente. Na escala dos anos filhos da puta, 2010 vence 2008 e 2004 com folga.
E o foda de 2010 é que ele começou marotíssimo. Dando a entender que ia ser o melhor dos anos da última década, desde 2000, que foi o melhor ano desses 22 passados aqui na companhia desses mortais.
2010 começou com o emprego quase dos sonhos (porque o salário podia ser um pouquinho melhor), com a viagem de Carnaval garantida e com a certeza que as durezas de 2008 e 2009 iriam se amolecer aos poucos. Logo em fevereiro 2010 mostrou que veio pra foder. Acabou o emprego quase dos sonhos, a viagem de Carnaval, que durou 5 dias cheios de cor acabou numa quarta-feira literalmente cinza, seis meses de desemprego surgiram, a faculdade resolveu mostrar o que era foder a vida do universitário de bem com 11 matérias e absolutamente tudo deu errado.
Na outra metade do ano, houve uma certa misericórdia divina: quanto mais rápido se rezava para o tempo passar, mais rápido ele passava. Os dias tinham 15 horas. O subemprego exigia que se trabalhasse por 16. Mas você topa qualquer subemprego com salário razoável depois de seis meses de desemprego.
Aí sempre tem alguém que não tem do que reclamar da vida pra dizer que o ano foi maravilhoso. Porque suas contas estão em dia, seu emprego deve ser bom, sua cerveja está gelada e sua mulher domina a arte do sexo oral. Agora se essa pessoa estivesse devendo até os fios de cabelo, desempregada, sem cerveja pra tomar e ninguém dando aquela chupadinha amiga, não teria essa impressão cor-de-rosa de 2010.
Ai chega essa época e tudo o que se pode pedir é que Papai Noel lembre-se que você se fodeu o ano inteiro e te recompense. E pede-se também 2011 comece com chuva. Tempestade. Tanto faz se real ou figurada. 2011 tem de chegar lavando a alma, limpando a gente de tudo o que foi e/ou continua sendo ruim. E que venha em vendaval. 2010, pode ir embora. Sem nem olhar pra trás. Já vai mais que tarde.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Crescer dói

O único problema entre acordar e ir dormir é o tempo que existe entre essas duas ações. Quando a gente é criança, mal vê a hora de ser grande. Na adolescência, a gente quer ser livre. Quando chegamos na fase adulta, a gente é grande e livre, mas sofre que quer ser criança de novo, não ter de se preocupar em pagar conta nem em ter de trabalhar, nem com faculdade, nem com relacionamentos que não dão certo e qualquer outra delícia da vida adulta.
Se você chegou a vida adulta e resistiu aos encantos do cartão de crédito e do cheque especial quando as coisas ficaram apertadas, parabéns, você é uma exceção. Ou pelo autocontrole, ou por ser rico e quando se é rico não existem momentos apertados, você pode ir de Havaianas para a faculdade no seu carro importado que seu pai comprou e ficar tomando cerveja no Max e acabando com o estoque da Papelaria Universitária (#ressentimentofeelings com alunos da ESPM e Belas Artes).
Acontece que na vida adulta, você passa por alguns momentos que podem ser definidos assim: quando seus pais mandam você parar de vagabundagem e procurar um emprego, quando trabalho e faculdade não conseguem coexistir, quando você precisa abrir mão de alguma coisa em prol de outra que possa ser melhor.
E funciona assim. A primeira fase é logo que você fez 18 anos, tirou a habilitação e entrou na faculdade. Seus pais dirão que você não está mais no ensino médio e esse negócio de dormir até tarde e ir pra faculdade a noite não dá, então você precisa trabalhar.
Provavelmente você não tem experiência em absolutamente nada, então vai topar qualque subemprego que te mantenha com, sei lá, 700 reais por mês, até que você consiga trocar esse subemprego por um estágio. Mas não é todo mundo que consegue trocar subemprego por estágio, então não desanime se você fizer parte daqueles que não conseguem (eu nunca consegui), você deve ser subqualificado ou arrogante demais. De toda forma, estágio também é um subemprego, mas é na sua área, então você engole sapos porque vai tirar mais frutos futuros de um estágio do que daquele emprego meia-boca no shopping (mas pode ser no telemarketing, que é o futuro de toda a nação).
A segunda fase funciona assim: você precisa manter uma certa pose na faculdade, porque todo mundo te acha bem inteligente, isso porque você ainda não passou do quarto semestre, então você se mata para conseguir trabalhar bem, manter notas acima da média da faculdade e ter vida social. É nesse momento que você assassina sua saúde.
Você passa a comer mal, dormir pouco, apagar no transporte público (se você é pobre e não tem um carro onde você pode dormir no volante e bater o carro), confundir trabalho e faculdade e invejar aquelas pessoas que moram na puta que pariu e chegam na aula mais cedo que você, aparentando estar mais tranquilas e mais dispostas que você e tendo notas melhores que você. Com isso você começa a adquirir exames, dependências e gastrite nervosa.
Na terceira fase você decide que não quer mais subemprego, não quer mais se foder na vida, nem na faculdade e começa a abrir mão de tudo. Você só quer que a faculdade acabe logo e quer ter um emprego que você goste o suficiente pra não lamentar todo dia ter de ir trabalhar e que você ganhe um salário honesto, com um VR decente pra poder almoçar todos os dias e ir comer fora nos finais de semana com sua (seu) namorada(o).
Você já chegou a conclusão que não é a pessoa mais genial do mundo, perdeu a prepotência que você tinha de discutir filosofia com seu professor livre docente (baseado em fatos reais), tudo o que você quer é ter o nome limpo, um salário que dure pelo menos 15 dias e dormir até tarde no final de semana.
Nesse momento, sua vida vira de ponta cabeça e você desconta toda sua raiva nas pessoas que estão ao seu redor. Você se afasta delas, elas se afastam de você e sua vida tá mais que na merda.
Ai todo mundo tenta te acalmar dizendo que isso vai passar, daqui a alguns anos, sem saber que você tá tão fudido que não vê um futuro tão distante. O mais distante que você consegue ver é daqui a quantas horas você vai dormir, e olhe lá.
O fato é que essa visão pessimista assombra minha vida há 4 anos, quando eu fiz 18 anos e jogaram essa bomba da adultice em mim sem eu estar pronta. Mas dizem que isso passa. ou não.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Doutor, eu não me engano...


É impossível entender por que as pessoas odeiam tanto o Corinthians. Mesmo. Porque como todos os anti-corinthianos dizem, nem estádio oficial o Corinthians tem, apesar do agregado Pacaembu. Ninguém considera o título internacional do Corinthians válido, apesar de ele ser válido. E o Corinthians nunca conquistou uma Libertadores da América, seu calcanhar de Aquiles.
E apesar desse fatos todos que torcedores de outros times insistem em apontar, todo mundo odeia o Corinthians. E a possível explicação pra isso (a meu ver, claro) é a Fiel Torcida. Não existe torcida mais doente apaixonada que a Fiel.
Série B? Sim, passamos por ela. E a Globo comprou os direitos de exibição dos jogos, o que foi um tapa na cara da sociedade, né? Talvez a Globo comprasse também os direitos de exibição dos jogos do Flamengo, se ele caísse. Mas não existe nenhum outro time que mereça tal mobilização.
Aí, pleno ano do Centenário, o Corinthians, por ingenuidade, é eliminado da Libertadores. Por que ingenuidade? Porque aquele pênalti no jogo de ida contra o Flamengo poderia ter sido evitado. E no jogo de volta, não precisavam ter aberto as penas no começo do segundo tempo.
Mas passou, o Corinthians fora da Libertadores não tinha motivo pra não ganhar o Brasileirão. Era um time redondo (não falo aqui da forma do Ronaldo, hein), o único que não disputava mais porra nenhuma e não tinha quem mandar pra Seleção durante a Copa.
Tanto foi que no começo do campeonato, no período pós-Copa, o Corinthians abriu uma boa vantagem nos demais times. Aí veio chegando, de mansinho o Fluminense. Ninguém lembra CBF deu aquela facilitada pro Fluminense no período bravo da crise, mas isso ninguém fala, né?
Porque é assim - se o Corinthians ganha, a CBF facilitou, o Clube dos 13 facilitou, o juiz era ladrão e a cerveja no estádio tava quente. Se o Corinthians perde, tudo é corretíssimo.
O Fluminense merecia o título? Tanto quanto qualquer time que esteja em crise. O problema é que ele não conquistou o título, outros times que deram o título pra ele. A decisão do Brasileirão se baseou no anti-jogo e nos deslizes que o Corinthians cometeu ao longo do campeonato, como perder um jogo pro lanterna em casa.
Palmeirenses e são paulinos podem dizer que foi só um payback do ano passado, por conta do jogo que o Corinthians supostamente entregou para o Flamengo. A questão tão amplamente discutida da facilitada do ano passado não leva em conta que o goleiro do Corinthians era o Felipe, que é o pior goleiro da história do mundo e que o time não tinha interesse no Brasileirão porque já estava na Libertadores.
O que aconteceu ontem foi a prova de que clubes muito grandes, com muita espectativa, não sabem corresponder a pressão. Se o Corinthians soubesse corresponder a pressão, não teria sido eliminado da Libertadores pelo Flamengo em maio. Nem perdido o Brasileirão nos jogos pequenos e detalhes. Dependeria só de si, não do ovo no cu das galinhas verdes do Palmeiras, do Guarani e do Goiás.
Quanto à torcida? Continua sendo fiel. E isso que significa ser maior do que tudo isso. Não importa o que vocês, invejosos, digam ou façam.

...MEU CORAÇÃO É CORINTHIANO!