domingo, 24 de julho de 2011

We only said goobye with words


Eu conheci Amy por Rehab. Num tempo que ela era pouco conhecida ainda, mas sim, a conheci pelo seu maior hit. Confesso que não foi amor imediato pelo Back to Black. Mas eu resolvi dar uma chance depois do cover de You Know I'm No Good que o Arctic Monkeys fez. Porque é assim que funciona. Sua banda favorita da adolescência faz um cover de alguém e você apaixona.
O amor veio mesmo quando eu resolvi ouvir o Frank. É, para mim, muito melhor que o Back to Black, muito embora eu possa fazer toda uma argumentação sobre a genialidade dessa curta discografia Winehouse.
Amy me acompanhou em diversas fossas - a pior de todas entre setembro e novembro de 2008, junto com Aimee Mann e Smashing Pumpkins (beijos pra quem não sabe levar fora e se agarra na depressão). Explico. Eu estava num pseudo-relacionamento com ~le Voldemort~ e toda vez que eu pensava qual podia ser nossa música, a única que me vinha a cabeça era Stronger Than Me. E quando eu tomei o pé na bunda (o primeiro de muitos nesse relacionamento) eu sofri horrores, de chorar pra dormir durante mais de um mês. E, como boa adolescente (ok, eu tinha 19 anos, mas era sim adolescentona ainda) autodestrutiva, eu tornei Stronger Than Me o hino do meu fracasso amoroso.
Eu usei tantas músicas da Amy em sala, quando dava aula de inglês. E tantas vezes eu chamei uma ou outra música dela de história da minha vida. Brinquei uma vez, com um amor antigo, que me sentia vivendo as músicas da Amy. Resisti bravamente à Adele, desde 2008 (ok, hoje eu reconheço - Adele é FODA), por achar a Miss Amy Winehouse infinitamente superior. E sim, hoje eu chorei sua morte.
E isso quer dizer alguma coisa. Eu só chorei a morte de uma outra artista - Cássia Eller. E fiquei absurdamente triste com os comentários e piadinhas. Fiquei triste também por não ter ido ao show. Fiquei triste pelo choque de que nunca mais teríamos lançamento dela. Fiquei triste porque foi uma morte triste.
Falei no Facebook sobre hipocrisia e dependência química. Afinal, todos sabemos dos males que a dependência química pode causar. E todos conhecemos um adicto. Na família, no bairro, amigo do primo do colega da tia da vizinha, que seja. Eu tenho um primo adicto. E, certamente, vou ficar bem triste se ele morrer, ainda que não sejamos tão próximos.
É de uma hipocrisia absurda falar que ela procurou por isso. Dependência química não é uma brincadeira de hide and seek com a morte. É uma doença, como bem disse a @rosana em seu belo texto sobre a morte de Amy.
A questão é - Amy, ainda que adicta em suas piores fases, era de um talento muito superior aos pobres mortais superproduzidos em estúdios com excelentes instrumentistas, técnicos de som e softwares autotune. E isso sempre incomodou muita gente. Dente quebrado, cabelo fodido, situação física deplorável e bastava abrir a boca e o vozeirão continuava lá, intacto.
Amy foi sim uma grande artista. Extremista e inconsequente, mas qual artista pode (e vai) bater no peito com orgulho e dizer que é uma pessoa de panos quentes e meios termos? Não é um princípio da arte desafiar limites? Amy vai fazer muita falta. Mas deixou uma bela obra. Que descanse em paz.

Um comentário:

Jeferson Cardoso disse...

Imensa perda, Laís. Além de talentosa, ela possuía apenas 27 anos... Muito triste e solitário o fim dela. Lamento muito...

“Que a escrita me sirva como arma contra o silêncio em vida, pois terei a morte inteira para silenciar um dia” (Jefhcardoso)

Convido para leia e comente os casamentos do meu blog. A história começa no de Sarah http://jefhcardoso.blogspot.com