segunda-feira, 5 de julho de 2010

Inquietações

Como será que é viver sem grandes expectativas? Deve ser bom acordar todos os dias para viver a mesma vidinha mediana e ser feliz com isso. Deve ser maravilhoso não querer demais. Deve ser incrível a sensação de não ter nada faltando, ou não saber se falta algo.
Gente burra sabe que é burra? Ou existe um mecanismo de defesa que impede a pessoa de perceber a dimensão de sua ignorância? E ignorância ou a burrice aqui referida não é necessariamente falta de conhecimentos gerais e/ou técnicos. Existem diversos tipos de burrice ou ignorância. Ou, se visto por outro ângulo, existem diversos tipos de inteligência.
A gente cresce um dia ou fica nesse loop eterno de momentos felizes de curta duração seguidos de longos períodos de teenage angst? Porque muito embora Teenage Angst seja uma música muito foda do Placebo, é foda pensar em passar a vida inteira nesse loop. E "Since I was born I started to decay. And nothing never ever goes my way" nunca vai ser um hit da alegria.
Qual a sensação de concluir um ciclo? Ir até o fim em alguma coisa, ter aquela sensação de orgulho, poder bater no peito e dizer "eu fiz isso"? Por que o ser humano tem esse costume imbecil de abandonar tudo antes mesmo de tentar? Por que vivemos esse prazer mórbido de ficar comiserando o que deixamos de concluir por medo de fracassar? O que é fracasso? O que é sucesso?
E qual é a sensação de gostar de alguém e esse sentimento ser recíproco? Deve ser chato não ter ninguém maltratando ou ferindo outro alguém. Ou não. Ou deve ser maravilhoso. É uma questão de ponto de vista.
Existe hora certa pra dizer que ama alguém? Ou é melhor seguir o clichê hollywoodiano de aparecer do nada, no meio de uma tempestade e dizer "oi, eu corri 1583km na chuva para dizer que eu te amo"? Em Hollywood isso sempre deu certo, tipo fórmula do sucesso.
Pensando bem, é bem fórmula do sucesso mesmo, porque quem corre 1583km fica lindo/a e sarado/a, ai toma aquela chuva que vai se encarregar de lavar o fedor de suor e, de quebra, dar aquela gripe, que vai aparecer logo após o primeiro beijo, ainda na chuva, porque tudo tem de ser incrivelmente mágico e romântico e clichê. Ai a pessoa amada põe o/a morimbundo/a corredor/a da chuva pra dentro de casa, cuida da gripe dele/a e eles podem ser felizes para sempre.
E o sono, hein, só pertence aos justos? E quem define quem é justo e quem não é? Porque nessas horas que o sono falta, sobram questões existenciais imbecis, arrogância, prepotência, angústia e medo de que a vida inteira seja só uma promessa não-cumprida.

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