sábado, 12 de fevereiro de 2011

A dificuldade de sair da faculdade

Pois bem, começo hoje esse post deixando claro que ele será longo e massante, além de ser em primeira pessoa. De toda forma, gostaria que ele fosse lido até a última linha por quem se interessar.
Eu ouvia minha mãe e minhas primas mais velhas falando que o difícil não era entrar, era sair da faculdade e hoje tenho certeza que elas tinham razão. Quando eu cheguei na faculdade, no longínquo agosto do ano de 2007, muita coisa mudou na minha vida. Eu tinha trocado o que eu realmente queria para não ficar parada no tempo atrás dos meus amigos. Muita coisa estava envolvida nessa escolha pra mim. Principalmente meu orgulho.
Meus professores do colégio jamais reconheceriam aquela Laís que iniciou o curso de jornalismo na faculdade desconhecida em agosto de 2007 e nem a Laís que tenta concluí-la agora em junho próximo. A Laís que os professores do colégio reconheceriam nunca tirou uma nota abaixo de 9, nem nunca desistiu de uma coisa que realmente queria.
E eu queria ECA. Queria todos os méritos e todo o peso que o nome USP poderia ter no currículo. Pode soar bobo e até é. Eu acabei cedendo a pressão em casa, mas queria mesmo ter feito um cursinho e prestado vestibular de novo. Mas abracei a causa do Prouni e fui.
Como dito antes, a faculdade é sem nome. Ninguém nunca ouviu falar, o que dificulta muito minha vida hoje. O fator de não-conhecimento no mercado de trabalho. E dá para entender. É preferível contratar aquela pessoa formada na PUC, que tem milhões de anos de tradição que contratar a pessoa que pode ser competente mas que faz parte da terceira turma de formandos de uma faculdade que ninguém conhece.
Essa questão de fazer o nome de algum lugar, criar tradição, era uma motivação para mim no começo do curso, confesso. Era fácil ter orgulho da faculdade quando não tinha problemas com ela.
Não sou (fui) na faculdade a aluna exemplar que fui no colégio. Nem a aluna popular que fui no colégio. Na faculdade eu fiz amigos sim, se soa diferente o que eu digo. Mas não fui a team player que eu era. Na faculdade eu passei a ser solo payer. Para não atrapalhar a mais ninguém a não ser a mim mesma.
Não consegui conciliar bem trabalho e faculdade no primeiro semestre. Logo no começo do segundo eu pedi demissão de um emprego que me sufocava e nunca mais passei um semestre inteiro empregada. Mas também não passei mais um semestre inteiro desempregada.
Não estou aqui reclamando de emprego ou de desemprego. É uma questão de tempo, sei disso muito bem. Sei que chegará aquele momento em que dinheiro não será o problema, muito embora ele pareça apenas uma ilusão distante.
Estou aqui falando de esperança. A Laís que entrou na faculdade tinha uma esperança de mudar o mundo que era contagiante, além de comovente. A Laís de hoje está desesperançosa e a faculdade tem um peso grande nisso. Não, não é um desespero causado pelo TCC. É um desespero causado pela possibilidade de não conseguir concluir o curso agora, nesse semestre. É um desespero de pedir a misericórdia divina para ter forças para continuar brigando.
Tive muitos desapontamentos com a instituição ao longo do curso. Entendo perfeitamente que boa parte desses desapontamentos se dão pelo fato de eu pertencer a terceira turma de formandos, então a terceira turma modelo. Mas tem coisas que só acontecem comigo. Não, não estou me fazendo de vítima de perseguição. Falo como alguém que tem de lutar para não desistir.
Há dois anos atrás eu dei um foda-se na faculdade. Preferi manter um emprego mediano do qual eu me demiti no final do semestre em questão (o quarto). E as consequências disso me acompanham até hoje. Mas hoje eu tenho de implorar para poder concluir o curso. Por uma questão de organização da faculdade que eu nem quero comentar. Mas que torna mais distante de mim aquela outra que eu costumava ser aos 18 anos, acreditando que eu faria a diferença.
O fato é que eu só quero meu diploma para poder começar uma pós em algum outro lugar (do mundo) e viver um outro momento. E a faculdade está me impedindo disso. As aulas começam segunda-feira e nem matriculada eu estou, por uma questão de falta de organização. E vem o twitter da faculdade me mandar DM para eu ir conversar sobre meu descontentamento com o pessoal que faz as relações públicas. E tem minha mãe que, ao invés de me ajudar com o que ela faz de melhor (apelar para vias legais), quer ir na secretaria da faculdade discutir como se eu fosse uma criança mal-informada fazendo escândalo na secretaria do colégio.
Tá sendo bem difícil ser eu nesses últimos tempos, praticamente impossível, na verdade. E eu só queria e só precisava desabafar.

3 comentários:

Unknown disse...

Oi,

Laís,

li o post inteiro. E entendo parte de sua angústia. O diploma de jornalismo, neste momento, é o menos importante (foi 'cassado', afinal). Mas se quiser seguir nessa área, sugiro mesmo uma pós. Pense que tipo de jornalista você quer se tornar (política, econômica, especialista em ambiente?) e invista na pós-graduação ligada ao seu interesse.
beijinhos,
Silvia

Unknown disse...

Querida Blogger,

compreendo perfeitamente o que sente e (tendo em conta que o texto está muito desatualizado) queria apenas que, no fim de contas fez uma diferença, por muito pequena que tenha sido. Eu estou numa situação parecida, sem reconhecer a pessoa que era aos 19 quando entrei na universidade com a pessoa que sou hoje em dia. Obrigado, pois ajudou me a decidir sobre o meu futuro. Desejo que tudo esteja melhor e nunca desista.

VS

Unknown disse...

Querida Blogger,

Não sei se lerá isto, mas... Obrigado pelo seu texto. Encontro me, hoje em dia, numa situação muito parecida; entre a faculdade e a espada. Não me reconheço, a pessoa idealista e ingenua de 19 anos que entrou e a pessoa que hoje sou. Como você, sei o que é uma luta diária, um passado que não é bem passado nem bem presente; uma coisa que nos afeta a vida toda. Mas você fez a diferença. Obrigado por me ajudar a decidir sobre o meu futuro e espero que resolva o seu. Existe sempre uma saída... nem que a tenhamos de a fazer com as nossas próprias mãos. Não desista.